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Alfabetização em crianças com dificuldade de aprendizagem

A alfabetização em crianças com dificuldade de aprendizagem é um desafio para os professores, principalmente quando elas estão relacionadas a transtornos do neurodesenvolvimento.

A abordagem multissensorial, com instrução explícita, é a mais eficaz para alfabetizar crianças com dificuldade de aprendizagem, principalmente nos transtornos de neurodesenvolvimento. Vale lembrar que ela é benéfica e eficaz para qualquer criança, portanto toda a turma se beneficia.

A aprendizagem se torna mais efetiva quando as habilidades sensoriais — visão audição movimento — são trabalhadas na alfabetização. Neste artigo, vamos falar como alfabetizar crianças com dificuldade de aprendizagem relacionadas aos transtornos do neurodesenvolvimento: dislexia, TDAH, Deficiência Intelectual e autismo. Confira!

Alfabetização e dislexia

A dislexia é um transtorno de aprendizagem de origem neurobiológica. Caracteriza-se pelas dificuldades com o reconhecimento preciso e /ou fluente das palavras e por habilidades precárias de ortografia e decodificação.

As dificuldades se originam pelo déficit no processamento fonológico da linguagem, por isso o fornecimento de instruções eficazes em sala de aula é tão importante. A criança pode ter problemas de compreensão e redução da experiência de leitura.

Sinais de dislexia na pré escola: 

  • dispersão;
  • fraco desenvolvimento da atenção e da coordenação motora;
  • atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
  • dificuldade de aprender rimas, canções e com quebra-cabeças;
  • desinteresse por livros.

A proposta de alfabetização para dislexia deve passar pelo trabalho com fonologia, associação de símbolos sonoros, instrução de símbolos, morfologia, sintaxe, semântica.

É muito importante que seja estruturada e orientada de forma sistemática e cumulativo, ou seja, com começo, meio e fim, com atividades que vão do simples ao complexo, do concreto ao abstrato. 

A instrução explícita, ou seja, explicar, fazer junto e aos pouco dando autonomia é fundamental na alfabetização na dislexia. Assim como entender os sinais que a criança demonstra, localizando onde estão suas dificuldades e facilidades.

A alfabetização multissensorial, com repetição sistemática e frequentes revisões, além da  aprendizagem baseada no acerto, são essenciais no processo de alfabetização das crianças com dislexia.

Alfabetização e TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza pelo déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. 

As dificuldades na alfabetização se relacionam com o esquecimento de sequências de detalhes visuais e auditivas, problemas de decodificação fonêmica e grafêmica. As crianças com TDAH têm necessidade de associação com informações motivadoras, repetição e de ênfases para memorizar.

A desorganização mental para organizar e planejar informações e desatenção podem fazer com que o aluno comece atividades e não termine, desista facilmente, não perceba os erros, se canse fácil e apresente sonolência em tarefas sem recompensa imediata.

Além disso podem confundir informações, os sons de letras, ter dificuldade em juntar letras e se desorganizar facilmente para executar atividades. Os efeitos dessas dificuldades podem levar a trocas e confusões no som e na escrita, dificuldade em juntar as letras, lentidão para se alfabetizar, deixando lacunas no processo de aprendizagem.

A primeira coisa a se fazer na alfabetização é conhecer bem as dificuldades e habilidades do seu aluno para que você possa motivá-lo adequadamente. A  estruturação prévia do plano de aula, a instrução direta e objetiva, a concretização do tempo e tarefas engajadoras, são essenciais no processo de alfabetização.

Além disso, o trabalho com recompensas imediatas, a leitura em voz alta e com acompanhamento, interpretação com desenhos, materiais com cores diferentes, abordagem multissensorial, ajudam a alfabetizar as crianças com TDAH.

Alfabetização e Deficiência intelectual

Crianças com Deficiência Intelectual (DI) podem apresentar déficits intelectuais significativos, que levam à dificuldade em associar informações, generalizar e abstrair dados e tarefas. Além disso, déficits adaptativos fazem com que tenham mais dificuldade em aplicar de forma autônoma e criativa as informações recebidas.

O atraso global de desenvolvimento neuro psicomotor na DI aparece nos cinco primeiros anos de vida, assim como a dependência excessiva de terceiros, imaturidade cognitiva e emocional. A criança com DI tende a imitar o outro para cumprir tarefas, por insegurança e pelo atraso na habilidade de memorizar informações verbais

Os sinais da DI são:

  • hipotonia motora;
  • problemas de coordenação motora;
  • atraso no linguagem expressiva e no uso desta para leitura e escrita;
  • associação com síndromes e epilepsias, entre outras.

As crianças com DI têm mais dificuldade para ler e escrever, o que vai depender da gravidade, que pode ser leve, moderada ou severa. Dessa forma, é muito importante investigar a possibilidade de síndromes genéticas, comorbidades médicas, comportamentais e neurológicas. A causa mais comum da DI é a Síndrome de Down.

A aprendizagem é lenta e gradativa, por isso  a intervenção precoce em habilidades fonológicas, como a consciência fonêmica deve ser implementada. Se os alunos dominam as habilidades iniciais, aprendem as habilidades subsequente mais rapidamente.

O processo de alfabetização na DI é lento e gradual, por isso repetições, instrução direta e explícita, maior monitoramento dos erros e acertos, tempo e revisões constantes e o reforço comportamental são essenciais no processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Alfabetização e TEA

O TEA — Transtorno do Espectro Autista — apresenta um espectro bem amplo, desde crianças verbais até as que não falam nada, por isso o olhar individualizado é muito importante na alfabetização. É importante ver se existe a presença de DI, que afeta 50% das crianças com autismo. No entanto, cerca de 5 a 10% das crianças têm altas habilidades.

Aspectos cognitivos devem ser considerados na alfabetização no autismo, para que seja possível adaptar as estratégias de ensino. Englobar os interesses restritos do aluno no planejamento da aula ajuda na motivação para aprendizagem. 

As crianças com autismo podem apresentar dificuldades nas habilidades fonológicas, em compreender contextos, associar palavras, nas narrativas, análise e frases com significado complexo e metáforas. A compreensão de textos é muito difícil para elas. 

No processo de alfabetização, o professor deve procurar, antes de tudo, conhecer as principais características do autismo, mas principalmente, as características de cada aluno. É importante manter um contato próximo com a família, não só para conhecer mais profundamente a criança, mas também para conscientizar os pais sobre o processo de alfabetização.

Na alfabetização no autismo as atividades estruturadas, sequenciadas e com instrução explícita, com o uso de recursos visuais são essenciais para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Restou alguma dúvida sobre a alfabetização em crianças com dificuldade de aprendizagem? Deixe nos comentários.

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12 respostas em “Alfabetização em crianças com dificuldade de aprendizagem”

Boa tarde! Não, nenhuma dúvida. Está muito bem explicado. Oartigo está bem objetivo e não deixa dúvidas. Parabéns pelo artigo e pelas explicações. Obrigada por dividir as infornações conosco . Um abraço!

Bom artigo com orientações para os professores, sentir falta da orientações para o papai para a mamãe, com trabalhar uma criança com dislexia.

Amei o artigo.Se possível gostaria de mais dicas para trabalhar a leitura com criança com TDAH. Minha filha tem e gostaria muito de poder ajudar mais.

O artigo apresentado é um ótimo material para quem quer trabalhar com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem. Parabéns!!

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