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Métodos de Alfabetização: 6 Dicas para Ensinar Crianças com Autismo a Ler

Métodos de alfabetização adaptados são fundamentais para o sucesso de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ensinar a ler nesse contexto exige estratégias específicas que respeitem as particularidades sensoriais, cognitivas e emocionais de cada criança.

Ao aplicar abordagens personalizadas e centradas no interesse e ritmo do aluno, é possível promover um aprendizado mais eficaz, engajador e significativo. Neste artigo, reunimos orientações baseadas em evidências que favorecem o desenvolvimento da leitura em crianças com autismo, dentro de um modelo de educação inclusiva.

Desafios da Leitura no Autismo

Crianças com autismo podem apresentar dificuldades de aprendizagem, pois processam informações de forma diferente das crianças neurotípicas.

Algumas têm dificuldade em manter a atenção por longos períodos durante uma história, enquanto outras começam a ler precocemente, demonstrando grande interesse por assuntos específicos, lendo tudo o que puderem sobre o tema.

Também é comum que aprendam melhor por meio de imagens, sons ou estímulos táteis, em vez de apenas palavras escritas.

O autismo pode afetar a assimilação e a memorização de sequências — como frases longas, números ou instruções com várias etapas — o que dificulta a compreensão de textos.

Independentemente das características individuais, é possível utilizar técnicas variadas e eficazes para apoiar o processo de alfabetização. Estímulos multissensoriais, ensino passo a passo e a conexão com atividades do cotidiano são recursos valiosos para desenvolver habilidades de leitura com significado.

Para preparar o terreno antes da alfabetização formal, veja o conteúdo Como Preparar Crianças com Autismo para Ler e Escrever.

Dicas para Ensinar a Leitura no Autismo

Não existe uma fórmula pronta para alfabetizar crianças com autismo, e essa tarefa é sempre um desafio para pais e professores. As dificuldades nesse processo podem estar relacionadas ao desconhecimento de metodologias que facilitam o ensino da leitura no autismo.

Pensando nisso, preparamos 6 dicas para te inspirar. Confira!

1. Trabalhe a Consciência Fonológica

Inicie o processo de alfabetização estimulando a consciência fonológica da criança com autismo por meio de rimas e aliterações. Por exemplo, selecione palavras que terminam com sons semelhantes e utilize-as em versos, brincadeiras e músicas.

A música é um excelente recurso para despertar o interesse das crianças pela alfabetização, independentemente de terem TEA. Essas atividades envolvem todo o grupo, promovendo a integração social da criança com autismo e facilitando o ensino das palavras.

Saiba mais sobre a importância dessa etapa no artigo Entenda a Importância do Método Fônico de Alfabetização.

2. Use o Interesse da Criança

Crianças com autismo frequentemente demonstram grande interesse por temas específicos. Incorporar esses temas em brincadeiras e atividades desperta a curiosidade e motivação para a aprendizagem.

Por exemplo, se a criança ama carros de corrida, inclua esse elemento nas atividades. Busque livros, desenhos, histórias e filmes relacionados. Utilize sua criatividade para preparar atividades que despertem o interesse da criança.

3. Utilize Materiais Gráficos

Empregue estratégias que envolvam materiais gráficos, especialmente se a criança com autismo for mais visual. Nesse caso, essa abordagem é altamente eficaz. Inclua as preferências da criança nas atividades.

Se ela gosta de dinossauros, ofereça desenhos e historinhas com esse tema durante a leitura e escrita. Crie cartazes com a criança ou utilize projetores com imagens que captem sua atenção.

4. Considere as Características da Criança

Compreender as características individuais da criança é essencial para escolher as melhores estratégias de ensino da leitura no autismo. Muitas crianças com TEA enfrentam dificuldades para escrever devido a alterações na coordenação motora fina e hipotonia.

Se ela não utiliza letra cursiva, por exemplo, pode-se optar pela letra bastão. Caso não consiga escrever, é possível utilizar tablets, celulares ou cartões com letras e palavras. O importante é entender que essas características não impedem o progresso no processo de alfabetização.

5. Atente-se à Apresentação dos Materiais

Apresente materiais simples para as crianças, evitando muitos detalhes, pois isso ajuda a manter o foco. Esse aspecto está relacionado ao estilo de processamento cognitivo da criança com autismo, que pode se prender aos detalhes.

Quanto menos detalhes as folhas de atividades tiverem, mais fácil será para a criança com autismo concentrar-se no que está sendo solicitado, reduzindo o risco de distrações.

6. Evite Usar os Pontilhados

Embora o uso de pontilhados seja uma estratégia comum na alfabetização, pode não ser eficaz para crianças com autismo. Existe o risco de a criança focar apenas em alguns detalhes específicos, prejudicando a compreensão da atividade.

É preferível apresentar as letras completas para que a criança as preencha, em vez de utilizar pontilhados.

A Eficácia do Método Fônico na Alfabetização de Crianças com Autismo

Algumas crianças com autismo começam a ler muito cedo, mas isso não significa que estão compreendendo o que leem. A dificuldade de compreensão textual é comum entre crianças com TEA.

Uma forma de apoiar esse processo e evitar que a leitura ocorra apenas por memorização é adotar o método fônico. Essa abordagem trabalha o som das letras e sua combinação, favorecendo a decodificação com compreensão.

Por exemplo, a letra F tem o som “ffff” e a letra A, o som “aaaa”. Quando a criança percebe que a junção de F com A forma “fa”, ela entende o funcionamento do sistema alfabético de maneira concreta e objetiva.

Crianças com autismo, que frequentemente interpretam o mundo de forma literal, se beneficiam significativamente do uso do som e da estrutura sequencial proposta pelo método fônico.

Quer mais estratégias para tornar o ensino da leitura acessível para todas as crianças?

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Conclusão

Ensinar crianças com autismo a ler requer métodos de alfabetização adaptados, sensíveis às suas características cognitivas, sensoriais e emocionais. Com estratégias adequadas e baseadas em evidências, é possível tornar o processo de leitura mais acessível, funcional e prazeroso.

Gostou das nossas dicas para o ensino da leitura no autismo? Compartilhe este artigo em suas redes sociais e ajude outros pais e professores a promoverem uma alfabetização mais inclusiva e eficaz.

Se você quer se aprofundar nas etapas práticas da alfabetização de crianças com TEA, leia também Alfabetização no Autismo: Entenda as Etapas do Método Fônico.
Quer aprofundar suas estratégias de alfabetização para crianças com autismo? Assista ao vídeo NeuroAula: 3 Estratégias práticas para alfabetizar alunos com autismo e descubra métodos eficazes para tornar o processo de leitura mais acessível e significativo.

Vídeo: 3 Estratégias práticas para alfabetizar alunos com autismo

Perguntas Frequentes (FAQ): Métodos de Alfabetização

O método fônico é eficaz para alfabetizar crianças com autismo?

Sim, o método fônico é amplamente reconhecido como eficaz na alfabetização de crianças com autismo. Ele enfatiza a associação entre sons (fonemas) e letras (grafemas), facilitando a decodificação de palavras. Estudos indicam que essa abordagem pode melhorar significativamente as habilidades de leitura em crianças com TEA .

Como adaptar o método fônico para crianças não verbais com autismo?

Para crianças não verbais, é possível adaptar o método fônico utilizando recursos visuais, táteis e tecnológicos. Ferramentas como aplicativos interativos, cartões ilustrados e atividades multissensoriais podem ajudar na associação entre sons e letras, mesmo na ausência da fala .

Quais são os benefícios do uso de atividades multissensoriais na alfabetização de crianças com autismo?

Atividades multissensoriais envolvem múltiplos sentidos no processo de aprendizagem, como visão, audição e tato. Para crianças com autismo, isso pode aumentar o engajamento, facilitar a compreensão e melhorar a retenção das informações, tornando o aprendizado mais eficaz .

O método fônico pode ser combinado com outras abordagens de alfabetização?

Sim, o método fônico pode ser combinado com outras abordagens, como o método global, dependendo das necessidades individuais da criança. Essa combinação pode oferecer uma experiência de aprendizagem mais completa e adaptada.

Quanto tempo leva para uma criança com autismo aprender a ler usando o método fônico?

O tempo varia conforme as habilidades individuais da criança, consistência do ensino e apoio recebido. Com intervenções adequadas e personalizadas, muitas crianças com autismo mostram progressos significativos na leitura ao longo do tempo.

Quais são as melhores abordagens para ensinar crianças com autismo a ler?

As melhores abordagens incluem a aplicação do método fônico, o uso de materiais visuais e o aproveitamento dos interesses específicos da criança. Essas estratégias devem respeitar o ritmo individual e estimular a aprendizagem por meio de estímulos multissensoriais, repetição e envolvimento ativo da criança no processo.

Como posso identificar as características de uma criança com autismo que impactam na leitura?

Observe se a criança tem dificuldades de atenção, compreensão de sequências, uso funcional da linguagem e sensibilidade a estímulos visuais ou auditivos. Essas características, quando reconhecidas, ajudam a adaptar melhor os métodos de alfabetização de acordo com as suas necessidades.

Quais são as 6 dicas apresentadas para ensinar crianças com autismo a ler?

As dicas são:
Trabalhe a consciência fonológica;
Use o interesse da criança como motivador;
Utilize materiais gráficos e visuais;
Considere as características individuais (motoras, cognitivas, sensoriais);
Apresente materiais simples e objetivos;
Evite o uso de pontilhados e prefira letras completas.

Como a leitura pode ser integrada em outras atividades?

A leitura pode ser incorporada à rotina da criança, como durante passeios, brincadeiras com temas de interesse ou ao ler instruções de jogos e receitas. Essa prática favorece a associação entre leitura e situações reais, tornando o processo mais natural e significativo.

Por que é importante adaptar o método de ensinar para cada criança?

Cada criança com TEA possui seu próprio perfil de desenvolvimento. Adaptar o método de ensino permite respeitar suas habilidades, promover maior engajamento e potencializar a aprendizagem. Métodos únicos raramente atendem a todas as necessidades, por isso a personalização é essencial.

Referências:

  • GRENZEL, Fabiana Boff. Aprendizagem e a possibilidade de alfabetização de crianças autistas. Revista do Seminário de Educação de Cruz Alta – RS, v. 5, n. 1, p. 360-361, out. 2017.
  • GRENZEL, Fabiana Boff. A Alfabetização de crianças Autistas. Disponível em: Atena Editora

1 Comentário

  • Avatar
    Marcus
    Posted 02/01/2021 at 11:36 pm

    Conteúdo bastante esclarecedor!! Sem dúvida é um grande desafio tanto para os pais quanto para os educadores desenvolver maneiras de ajudar pessoas com TEA no desenvolvimento, incluindo na leitura.
    Aproveito para deixar conteudo relacionado https://vivasaude.life/autismoalfabetizacao/

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