Alfabetização – Comparativo do Brasil com outros países
Quando o assunto é educação no Brasil, todas as atenções se voltam para a alfabetização. Afinal, esse processo é apenas a ponta de um iceberg polêmico e complexo em um país com dimensões continentais e bastante diverso. A situação se complica ainda mais quando o contexto brasileiro é comparado com outros países, sobretudo aqueles industrializados.
Embora pareça temerário realizar esta observação, onde a situação do Brasil é colocada na berlinda e se revela assustadoramente oposta do que se pode perceber em outras nações; é válido ressaltar que tal análise pode servir de parâmetro para a elaboração de políticas públicas que tendem a propor melhorias no contexto educacional.
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A alfabetização no Brasil
Como muitos já sabem, o cenário da alfabetização em nosso país é alarmante por uma série de fatores. Há pouco mais de 10 anos, por exemplo, um deles era o fato de o Brasil contar com testes que avaliavam a qualidade da leitura, escrita e compreensão dos alunos, mas com indicadores de dados indiretos.
Hoje o país conta com um elemento importante para promover a coleta de dados sobre a situação da educação. A ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização) funciona como um instrumento do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). A finalidade da ANA é avaliar os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa, além do desempenho em matemática e das condições de oferta do ciclo de alfabetização das redes públicas.
Em junho deste ano, a ANA divulgou o resultado da avaliação feita em 2015, onde se constatou que mais da metade das crianças brasileiras chegaram ao final do 3º ano do ensino fundamental sem saber ler e compreender textos variados, prejudicando “o aprendizado dos demais componentes curriculares nas diferentes etapas de formação”.
Outra informação que acende o sinal vermelho no ranking da educação é o fato de 55% das crianças brasileiras apresentarem proficiência inadequada em leitura e 54% em matemática. Importante lembrar que a Meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE) é chegar a 0% em 2024.
A alfabetização em outros lugares do mundo
– Inglaterra: a situação dos ingleses é diferente em relação ao Brasil, principalmente porque a política de alfabetização no país europeu abrange etapas extremamente pontuais como os conteúdos curriculares, modelos e materiais pedagógicos, formação dos professores, etc.
Inclusive, um fato interessante é que dentro dos parâmetros do Currículo Nacional, criado em 1987 e atualizado desde então, compreende 149 páginas voltadas apenas para a disciplina de Língua Inglesa, tamanha a preocupação dos órgãos competentes com o cenário da educação por lá.
– França: o caso dos franceses ocorre quase igual acontece com os ingleses. A educação é centralizada. Porém, na Inglaterra existe uma combinação do alto grau de autonomia escolar com programas de ensino e programas de certificação e avaliação.
Para se ter uma ideia do quão imprescindível é a questão da alfabetização para eles, vale afirmar que as escolas de ensino fundamental no país contam com o chamado Ciclo 2, onde o sistema é universalizado e representa o início da educação formal. Esta categoria compreende do último ano da pré-escola até a 2ª série do fundamental; e contempla etapas indispensáveis como a aquisição do princípio alfabético e o desenvolvimento da consciência fonêmica.
– Estados Unidos: no território americano, por sua vez, a centralização não é realidade e não há uma política federal voltada para a alfabetização. Uma informação importante é que cada Estado tem a incumbência de estabelecer as regras para o ingresso de professores no magistério.
Sobre a situação norte-americana, destaca-se também a autonomia dos Estados na responsabilidade direta pelas políticas, financiamento e controle da educação. Com isso, historicamente o controle é exercido pelas autoridades locais. Entretanto, nem tudo é atribuição dos Estados, pois “existem algumas orientações federais que são seguidas nacionalmente, sobretudo no que diz respeito a direitos e garantias constitucionais – por exemplo, relacionadas com igualdade de oportunidades.”
Referências:
BRASIL. Congresso Nacional. Câmara dos Deputados. Comissão de Educação e Cultura. Grupo de trabalho alfabetização infantil: os novos caminhos: relatório final. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Avaliação de alfabetização divulgará resultados em maio. Brasília: Ministério da Educação, 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/36188. Acesso em: 06 dez. 2019.
SOUZA, Ludmilla. Crianças pobres se alfabetizam mais tarde que as ricas, diz economista: desafios da alfabetização estão em debate nesta segunda em São Paulo. Agência Brasil. São Paulo, 2019. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-06/criancas-pobres-se-alfabetizam-mais-tarde-que-ricas-diz-economista-0. Acesso em: 06 dez. 2019.
6 Comments
Luciana Brites, boa tarde.
Parece que procuro em vão a informação sobre que métodos de alfabetização os países (pelo menos os melhores no ranking) se “orientam”. Sempre encontro dados econômicos e índices… mas qual método utilizam na alfabetização fica quase um mistério. Dos países que você citou, apenas a França foi o que se aproximou da informação que procuro saber, poderia me dizer sobre outros países?
Obrigada
Olá Taís , Ainda não temos um conteúdo sobre este tema, mas vamos colocar em nossa pauta abordar sobre este assunto também. Obrigada pelo contato.
Tenho pesquisado sobre isso também, Taís. Talvez seja um bom tema pra desenvolver um estudo…
Estamos cada vez mais tentando achar o caminho certo para o progresso da alfabetização, porém são vários os empasses que impossibilitam uma educação com excelência no Brasil, contudo, não dá para comparar países de primeiro mundo com a nossa realidade.
Hoje, não sei, temos um grupo de estudo de Educação Infantil e Alfabetização no município, onde a professora orientadora, coloca que a cosnciência fonológica é pré histórica e não serve para nada.
Cris, a Consciência Fonológica é vida!!! Através dela, a criança criará habilidades necessárias para dominar a leitura e a escrita.
Os países desenvolvidos como estes citados acima, utilizam com sucesso a Consciência Fonológica.
Alfabetizei minhas 2 filhas que na época tinham 4 e 5 anos.
Comecei ensinando os sons e o nomes das letras ao mesmo tempo e, confesso a você que em menos de 3 meses elas estavam lendo e escrevendo!!!
Detalhe: eu não tenho ensino superior. Sou dona de casa.
O segredo para alfabetizar: INSTRUÇÃO FÔNICA EXPLÍCITA E SISTEMA= CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA.