Brasil alfabetizado: um comparativo da alfabetização do Brasil com outros países

𝗕𝗿𝗮𝘀𝗶𝗹 𝗮𝗹𝗳𝗮𝗯𝗲𝘁𝗶𝘇𝗮𝗱𝗼 – Quando o assunto é educação, todas as atenções se voltam para a alfabetização. Afinal, esse processo é apenas a ponta de um iceberg polêmico e complexo em um país com dimensões continentais e bastante diverso. A situação se complica ainda mais quando o contexto brasileiro é comparado com outros países, sobretudo aqueles industrializados.
Embora pareça temerário realizar esta observação, onde a situação do Brasil é colocada na berlinda e se revela assustadoramente oposta do que se pode perceber em outras nações; é válido ressaltar que tal análise pode servir de parâmetro para a elaboração de políticas públicas que tendem a promover um Brasil alfabetizado de forma mais eficaz.
Conteúdo
A alfabetização no Brasil
Como muitos já sabem, o cenário da alfabetização no ano do ensino fundamental fez avanços, mas ainda apresenta graves lacunas. Há pouco mais de 10 anos, por exemplo, o Brasil contava com testes indiretos que avaliavam a leitura, escrita e compreensão dos alunos.
Hoje, por meio da ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização), aplicada em 2021 a estudantes do 2º ano e do 4º do ano do ensino fundamental, coleta-se dados bem mais precisos sobre alfabetização aplicada em 2021 a estudantes. Em junho, os resultados divulgados nesta terça-feira revelaram que mais da metade das crianças brasileiras chegaram ao final do 4º ano sem saber ler e compreender textos variados, prejudicando o aprendizado de diversas disciplinas. Muitos desafios também nos anos iniciais do fundamental ficaram evidentes.
Com dados do IDEB e do PISA, percebe-se que 55% das crianças não dominavam as habilidades mais básicas de leitura e 54% em matemática — uma realidade que pode ser comparada com insights do artigo sobre Como desenvolver o raciocínio matemático na educação infantil.
Comparativo da alfabetização com 65 países em uma avaliação internacional
Inglaterra
Na Inglaterra, a adoção obrigatória da metodologia de phonics sintética (synthetic phonics), desde 2013, marcou uma virada na alfabetização. Essa abordagem estruturada ensina explicitamente a correspondência entre sons e letras nos primeiros anos escolares. De acordo com o relatório do Instituto Alfa e Beto, a implementação dessa estratégia resultou em ganhos significativos de fluência leitora nas séries iniciais. Esses avanços contribuíram para o excelente desempenho do país no PIRLS 2016, onde a Inglaterra ficou entre os primeiros colocados na avaliação internacional de leitura no 4º ano (Instituto Alfa e Beto, 2015).
França
Na França, o sistema educacional é organizado por ciclos, e o Ciclo 2 abrange do CP ao CE2 — equivalente à transição entre a educação infantil e os anos iniciais do ensino fundamental. Esse ciclo é regido por diretrizes nacionais claras voltadas à alfabetização, com foco na articulação entre linguagem oral, leitura e escrita. Segundo o Ministério da Educação Francês, essa estrutura centralizada proporciona coesão pedagógica e favorece a inclusão escolar desde os primeiros anos (Ministère de l’Éducation nationale, 2020).
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, o modelo educacional é descentralizado, com cada estado definindo seus currículos e metodologias. No entanto, diretrizes federais, como o “Common Core State Standards”, buscam padronizar competências mínimas em leitura e escrita. Essa autonomia estadual gera variações nos resultados, mas também permite adaptações eficazes conforme o contexto local. Segundo a análise da plataforma TutorChase, embora os resultados no PIRLS variem entre os estados, o sistema favorece a inclusão educacional por meio de políticas específicas em cada território (TutorChase, 2023).
Egito
Apesar dos desafios socioeconômicos, o Egito tem buscado avançar em políticas de alfabetização. O país participa do PIRLS, avaliação internacional aplicada pela IEA, e tem investido em programas de leitura para os anos iniciais. Iniciativas como a distribuição de materiais pedagógicos e a parceria entre o governo, escolas e ONGs mostram que mesmo em contextos de vulnerabilidade, a articulação entre diferentes setores pode trazer avanços. Segundo o relatório da IEA, o Egito tem demonstrado progresso, mesmo partindo de condições adversas (IEA PIRLS Report, 2021).
O que significa um verdadeiro Brasil alfabetizado
Um verdadeiro Brasil alfabetizado vai além de ensinar o alfabeto: é a construção de comunidades capazes de ler, compreender e atuar criticamente no mundo. Significa que cada criança, independentemente de sua região ou condição social, desenvolva as habilidades necessárias para aprender e se comunicar. Para isso, o país precisa investir em currículos sólidos, formação de professores, diagnóstico precoce e apoio desde os anos iniciais.
Termos técnicos e indicadores atuais
- A prova PISA, aplicada em 2021 a estudantes de 15 anos, e o PIRLS, aplicada em 2021 a estudantes de 65 países, mostraram baixo desempenho do Brasil.
- O nível socioeconômico é um fator determinante, especialmente nos anos iniciais do fundamental.
- O diretor do IEDE, Ernesto Faria, liderou estudo com 4.941 estudantes do 4º do ano e apontou que muitos brasileiros não dominavam habilidades básicas.
- Os dados do IDEB revelam muitos desafios também nos anos iniciais e uma ponderação na comparação com outras nações.
Conclusão
Embora tenhamos uma longa jornada pela frente, é possível construir um Brasil alfabetizado por meio de políticas públicas eficazes e práticas educativas baseadas em evidências. Aprender com estruturas eficazes de outros países — como currículo centralizado, formação docente robusta e cooperação entre escola e comunidade — pode transformar o cenário. Para aprofundar a reflexão, confira o artigo sobre educação baseada em evidências.
Alfabetização: O Brasil Fica Entre os Últimos em Prova
O Brasil apresenta um cenário preocupante em termos de alfabetização, ficando entre os últimos em provas internacionais. Em avaliações como o PIRLS, que envolve estudantes de 65 países e regiões, o Brasil ficou à frente de alguns países, mas ainda assim a média de 419 pontos mostra que há muito a ser feito.
PIRLS, ou Progress in International Reading Literacy Study, é uma avaliação internacional de alfabetização aplicada a estudantes do 4º ano do ensino fundamental. Realizada em 2021, essa pesquisa incluiu uma amostra de 4.941 estudantes brasileiros, que participaram para medir sua capacidade de leitura e compreensão de textos.
Na avaliação realizada em 2021, participaram estudantes de 65 países, incluindo nações como Azerbaijão, Irã e Kosovo. Esses dados são fundamentais para um diagnóstico comparativo dos anos iniciais da educação básica.
Embora o Brasil tenha ficado à frente de alguns países, os resultados ainda são insatisfatórios, evidenciando que o Brasil fica entre os últimos em comparação com a média de 65 países. As evidências no debate educacional mostram a necessidade de melhorias significativas na educação básica.
O IDEB, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, é um indicador importante que reflete a qualidade da educação no Brasil. Os dados sobre o IDEB revelam que, apesar de melhorias em algumas regiões, o Brasil ainda enfrenta desafios sérios para alcançar um nível satisfatório de alfabetização.
A pandemia afetou significativamente a educação no Brasil, com muitos estudantes do 4º ano do ensino fundamental não tendo acesso adequado ao aprendizado. Isso resultou em um retrocesso na alfabetização, complicando ainda mais o cenário já delicado.
Instituições de pesquisa, como o IEA, realizam estudos e pesquisas educacionais que ajudam a entender o contexto educacional e a eficácia das políticas de alfabetização. Esses dados são essenciais para o desenvolvimento de estratégias que visem melhorar a educação no Brasil.
A interdisciplinaridade e evidências no debate educacional podem ser fundamentais para melhorar a alfabetização. Ao integrar diferentes áreas do conhecimento, os educadores podem desenvolver abordagens mais eficazes, tornando o aprendizado mais significativo para os estudantes.
Referências:
BRASIL. Congresso Nacional. Câmara dos Deputados. Comissão de Educação e Cultura. Grupo de trabalho alfabetização infantil: os novos caminhos: relatório final. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Avaliação de alfabetização divulgará resultados em maio.Brasília: Ministério da Educação, 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/36188. Acesso em: 06 dez. 2019.
SOUZA, Ludmilla. Crianças pobres se alfabetizam mais tarde que as ricas, diz economista: desafios da alfabetização estão em debate nesta segunda em São Paulo.
Agência Brasil. São Paulo, 2019. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2019-06/criancas-pobres-se-alfabetizam-mais-tarde-que-ricas-diz-economista-0. Acesso em: 06 dez. 2019.

6 Comments
Luciana Brites, boa tarde.
Parece que procuro em vão a informação sobre que métodos de alfabetização os países (pelo menos os melhores no ranking) se “orientam”. Sempre encontro dados econômicos e índices… mas qual método utilizam na alfabetização fica quase um mistério. Dos países que você citou, apenas a França foi o que se aproximou da informação que procuro saber, poderia me dizer sobre outros países?
Obrigada
Olá Taís , Ainda não temos um conteúdo sobre este tema, mas vamos colocar em nossa pauta abordar sobre este assunto também. Obrigada pelo contato.
Tenho pesquisado sobre isso também, Taís. Talvez seja um bom tema pra desenvolver um estudo…
Estamos cada vez mais tentando achar o caminho certo para o progresso da alfabetização, porém são vários os empasses que impossibilitam uma educação com excelência no Brasil, contudo, não dá para comparar países de primeiro mundo com a nossa realidade.
Hoje, não sei, temos um grupo de estudo de Educação Infantil e Alfabetização no município, onde a professora orientadora, coloca que a cosnciência fonológica é pré histórica e não serve para nada.
Cris, a Consciência Fonológica é vida!!! Através dela, a criança criará habilidades necessárias para dominar a leitura e a escrita.
Os países desenvolvidos como estes citados acima, utilizam com sucesso a Consciência Fonológica.
Alfabetizei minhas 2 filhas que na época tinham 4 e 5 anos.
Comecei ensinando os sons e o nomes das letras ao mesmo tempo e, confesso a você que em menos de 3 meses elas estavam lendo e escrevendo!!!
Detalhe: eu não tenho ensino superior. Sou dona de casa.
O segredo para alfabetizar: INSTRUÇÃO FÔNICA EXPLÍCITA E SISTEMA= CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA.