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Autismo: dificuldade para brincar?

O brincar no autismo pode ser uma atividade restrita e peculiar, dependendo das características de cada criança e dos estímulos que recebe. Em algumas situações, elas poderão ter mais dificuldades e, em outras, grandes habilidades. Saiba mais, neste artigo.

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete algumas áreas cognitivas e comportamentais. Os primeiros sinais podem surgir antes dos 3 anos, como dificuldades na interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.

O brincar é uma atividade alterada pelas características do TEA, pois os padrões de comportamento e interesses restritos podem desencadear uma rigidez nas ações e em diversos aspectos de funcionamento diário, como padrões de brincadeiras.

Segundo o DSM-V, as brincadeiras imaginativas estão ausentes ou com prejuízos no autismo. Assim como os jogos de imitação e rotinas simples da infância são vividos fora de contexto ou de um modo mecânico.

O brincar no autismo

Muitos estudos relatam a dificuldade das crianças com autismo em interagir com os pares nas brincadeiras. Assim como apresentam habilidades sociais limitadas, o que faz com as crianças com TEA demonstrem, muitas vezes, ter mais interesse pelos objetos do que pelas pessoas.

As crianças com autismo costumam brincar sozinhas e apresentam movimentos repetitivos, como girar as rodinhas de um carro de brinquedo. Esses objetos despertam seu interesse, pois podem ser manipulados por um longo período, ainda que o uso que fazem deles seja restrito e repetitivo.

Esse comportamento leva, muitas vezes, à falta de novas estimulações vindas dos adultos, pais, cuidadores e responsáveis. Quando esta atividade — o brincar — não é significada, nem transformações são incentivadas, isso resulta em um brincar limitado e empobrecido.

O diagnóstico de autismo não pode ser um fator limitante, pois isso prejudica o desenvolvimento psíquico da criança. Enquanto a criança com desenvolvimento típico desenvolve o brincar naturalmente, esse processo não é tão simples nas crianças com autismo.

Pode ser um processo longo, com dificuldades que podem levar os pais a se sentirem frustrados, que acabam desacreditando na importância do brincar. Segundo Vygotsky, o brincar é fundamental para o desenvolvimento psíquico de qualquer criança. 

Através das brincadeiras a criança pode reproduzir as situações vividas, agindo de maneira imaginativa para assimilar suas experiências e desenvolver a criatividade. Na brincadeira, a criança encena e dramatiza sua realidade e a ressignifica, o que contribui com o seu desenvolvimento.

Para brincar, a criança aprende a agir e a dar significado a experiências, sentimentos e emoções. A imaginação é uma atividade psíquica complexa e fundamental na infância. O afeto também está presente na relação entre imaginação e realidade. A imaginação é fundamental para a criatividade e amplia a assimilação das experiências vividas.

Embora as crianças com autismo possam ter mais dificuldade nas interações sociais, isso não as impede de brincar. Na verdade as atividades lúdicas são essenciais para o seu desenvolvimento, assim como para o de qualquer criança.

A importância do brincar

O brincar ajuda no neurodesenvolvimento das crianças, pois estimula a interação, o desenvolvimento cognitivo e a consciência corporal.

É muito importante estimular as crianças com autismo a brincar com seus colegas, de forma lúdica, sem forçá-las. Gradualmente, elas se sentem mais confiantes para se relacionar com o outro, desenvolvem habilidades como atenção, concentração, percepção e linguagem.

O brincar também favorece o desenvolvimento motor e a noção de espaço, habilidades que devem ser estimuladas desde quando as crianças são pequenas.

Brincadeiras para as crianças com autismo

Embora cada criança seja única, algumas brincadeiras possuem características próprias que contribuem com o desenvolvimento das crianças. Vale lembrar que elas devem ser monitoradas por adultos, para proteger os pequenos de se machucarem, engolindo pequenas peças, por exemplo.

Algumas crianças com autismo podem ser hipersensíveis a estímulos visuais e auditivos, o que deve ser considerado no momento de propor uma brincadeira. O importante é que o brincar se torne um meio de criação de vínculo e fonte de aprendizagem e diversão!

Veja algumas brincadeiras que fazem sucesso com as crianças com autismo.

  • Quebra cabeça — o quebra cabeça desenvolve habilidades como atenção e lógica. A dica é escolher um tema de interesse da criança.
  • Brinquedo de borracha e pelúcia — brinquedos macios são ótimos para as crianças, pois eles não machucam e elas costumam adorar!
  • Jogo da memória — contribui com o desenvolvimento da atenção, memória e raciocínio, noção espacial, além de incentivar a interação e a lidar com a frustração.
  • Desenho e pintura — desenhar e pintar permite a expressão de sentimentos, o que é muito importante, principalmente para as crianças com autismo. Além disso, estimula a criatividade, ajuda a diminuir a ansiedade e desenvolve habilidades motoras.
  • Jogos de imitação — embora as crianças com autismo tenham mais dificuldade com a imitação, este é um mecanismo importante na interação social e deve ser estimulado.
  • Blocos de montar — além de divertidos, estimulam a atenção, concentração, coordenação motora e a autoconfiança.
  • Faz de conta — brincadeiras de faz de conta desenvolvem a capacidade de simbolização, favorecem a criatividade, concentração e imaginação.

Portanto, a brincadeira deve ser sempre estimulada nas crianças com autismo, pois mesmo que apresentem dificuldades, é pelo brincar que elas aprendem e se desenvolvem, como qualquer criança!

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Referências:

MARTINS, Alessandra Dilair Formagio  and  GOES, Maria Cecília Rafael de. Um estudo sobre o brincar de crianças autistas na perspectiva histórico-cultural. Psicol. Esc. Educ. [online]. 2013, vol.17, n.1 [cited  2021-03-01], pp.25-34.

CHICON, José Francisco et al. Brincando e aprendendo: aspectos relacionais da criança com autismo. Rev. Bras. Ciênc. Esporte [online]. 2019, vol.41, n.2 [cited  2021-03-01], pp.169-175.

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