Como ensinar o Comportamento Verbal no Autismo
O Transtorno do Espectro do Autista (TEA) traz consigo sintomas diversos em pessoas que convivem com esta condição. Uma delas é o comportamento verbal, muitas vezes prejudicado em decorrência do autismo. O motivo desse déficit na linguagem é multifatorial e começa a se manifestar logo na primeira infância. A partir do 18º mês de vida, o bebê pode demonstrar sinais de que sua comunicação está abaixo do que é considerado normal.
O porquê disso é explicado na constatação de que uma criança na idade mencionada acima (18º mês de vida) adquire nove palavras novas por dia. Aos 3 anos, o conjunto léxico do pequeno já conta com uma média de 5 mil vocábulos.
Isso significa que quando o menor apresenta uma quantidade abaixo do normal para sua faixa etária e nível socioeconômico, a situação requer acompanhamento de um especialista, uma vez que tal quadro pode ser indicativo da existência do TEA ou não.
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Os problemas de fala no autismo são somente de quem não pronuncia nenhuma palavra?
Não, o leque é bem mais amplo. Uma verdade que deve ser dita é que nem todo paciente com autismo vai se comunicar verbalmente (de acordo com o Speak Autism, 25% das crianças com TEA são não-verbais). Existem outras formas de comunicação que servem como alternativa. No entanto, isso não impede que os pais da criança procurem ajuda com especialistas. As intervenções são necessárias, sobretudo quando iniciadas precocemente.
Quanto mais cedo o pequeno tiver contato com as terapias voltadas para as demandas apresentadas, maiores serão as chances de obter resultados satisfatórios acerca do desenvolvimento de seu comportamento verbal. Vale ressaltar que as intervenções procuram trabalhar também problemas característicos em pessoas com TEA que falam, como a ecolalia. Além disso, há aquelas que utilizam discurso bem elaborado, mas cuja utilização é aplicada fora de contexto, entre outras.
Qual especialista mais indicado?
Sempre salientamos aqui a importância da equipe multidisciplinar para a proposição de intervenções para os casos levados aos consultórios. Porém, hoje vamos destacar o papel dos fonoaudiólogos na condução do comportamento verbal no autismo.
Quais são as intervenções utilizadas pelos fonoaudiólogos?
Os especialistas da fonoaudiologia detêm programas de tratamentos cientificamente comprovados como eficazes no desenvolvimento das crianças e de sua linguagem. Vejam mais abaixo:
– PECS
Este sistema de comunicação é o Picture Exchange Communication System, no qual a dinâmica gira em torno da troca de figuras, de forma bem resumida. Funciona da seguinte maneira: uma pessoa deve se posicionar em frente à criança (com autismo) para que esse interlocutor atue como parceiro de troca. É aconselhável que outro indivíduo mantenha-se atrás do pequeno para possível ajuda. Esse modelo de intervenção tem o objetivo de criar recursos de comunicação de forma consistente, estimulando a iniciativa, a partir dessas figuras, para pedir algo.
– ABA
Quem nos acompanha já ouviu falar da Análise Comportamental Aplicada ou simplesmente ABA. Esta ciência é responsável, dentre vários atributos, por estimular o desenvolvimento da linguagem através dos chamados reforços positivos que vão desde tarefas mais cotidianas a atitudes mais complexas. Vale lembrar que além do profissional de fonoaudiologia, a ABA também conta com psicólogos ou analistas comportamentais para a condução das terapias incluídas dentro da ABA.
– HCV
Conhecido também como Habilidade Comunicativa Verbal, o HCV é um programa de intervenção dividido em 4 partes. Esse modelo começa com a interação entre a criança e o terapeuta de maneira espontânea. Logo depois ocorrem as atividades lúdicas como objetivo de promover ainda mais o desenvolvimento do pequeno. O próximo passo é a proposição de jogos pré-estabelecidos. Por fim, o terapeuta utiliza o reconto de história como forma de estimular o paciente a trabalhar a linguagem e o comportamento verbal.
Procure auxílio
Para saber mais como desenvolver essa importante competência em seu filho ou filha, não deixe de procurar auxílio profissional. Esse acompanhamento é determinante no avanço de habilidades do pequeno.