Obesidade infantil pode prejudicar o aprendizado?
A obesidade infantil pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo diabetes, problemas cardíacos e certos tipos de câncer. Como se isso não bastasse, pode prejudicar a aprendizagem. Entenda melhor, neste artigo.
Pesquisas sugerem que a obesidade infantil está associada a um pior desempenho acadêmico já na educação infantil. Esse padrão se mantém mesmo considerando fatores atenuantes que podem influenciar na aprendizagem, como fatores socioeconômicos.
As descobertas confirmam as evidências de que existe uma ligação entre a obesidade ou a aptidão física dos alunos e a aprendizagem. Ainda que as causas dessa relação possam ser diversas.
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Estudos sobre obesidade infantil e aprendizagem
Muitos pesquisadores tentaram entender a relação entre obesidade infantil e aprendizado. Um estudo de 2011 com estudantes na Califórnia revelou que a aptidão geral, incluindo índice de massa corporal (IMC), força e resistência, era um melhor preditor de desempenho acadêmico do que o IMC sozinho.
Outro estudo produziu um achado semelhante: a autopercepção das crianças sobre seu peso — isto é, se se viam ou não com excesso de peso — estava mais ligada ao desempenho acadêmico do que o IMC, sugerindo que a autoestima pode ter uma grande influência na aprendizagem.
Um novo estudo deu mais um passo nessa direção ao observar as habilidades sociais das crianças e sinais de ansiedade, tristeza, solidão ou baixa autoestima. Os estudantes obesos apresentaram mais dificuldades emocionais e concluiu-se que essas diferenças explicam, em parte, suas notas mais baixas.
Habilidades sociais e bem-estar emocional
Não está claro se é a obesidade que causa problemas emocionais ou o contrário. Por outro lado, é fato que as habilidades sociais das crianças obesas são prejudicadas quando sofrem bullying ou estigmatização.
Quando a interação social é prejudicada, isso pode causar tristeza, levar a hábitos alimentares inadequados e ganho de peso se a criança passar a comer em busca de conforto.
Sentimentos de tristeza, solidão ou ansiedade podem atrapalhar o desempenho escolar, já que é mais difícil prestar atenção e inibe a participação dos alunos.
No entanto, também é possível que problemas de saúde associados à obesidade infantil — como asma, diabetes e distúrbios do sono — interfiram no desempenho escolar. Por exemplo, uma criança obesa com apneia do sono pode não ter um sono de qualidade, o que interfere no processo de aprendizagem.
Além do mais, o excesso de peso ou a inatividade física podem minar a capacidade cerebral de uma criança no nível celular, causando inflamação e outros processos biológicos prejudiciais.
Segundo os pesquisadores, alguma combinação desses fatores explica a ligação entre obesidade infantil e desempenho acadêmico.
A interação com os colegas afeta o desempenho acadêmico
Em muitos casos de obesidade infantil, a interação social pode ser prejudicada. Isso poderia ocasionar tensão psicológica nas crianças obesas, além de causar problemas sociais e comportamentais.
Ao mesmo tempo, outras descobertas apoiam a ideia de que a atividade física aumenta a função cerebral. Crianças obesas tendem a ser menos ativas fisicamente, o que pode afetar suas habilidades de raciocínio cognitivo.
No entanto, pesquisas revelam que as dificuldades de aprendizagem podem ocorrer devido à falta de interação com os colegas. Como as crianças obesas tendem a ser menos ativas fisicamente, isso afeta a interação com seus pares, impactando negativamente os laços sociais.
Os estigmas são o problema principal, não a capacidade cognitiva
Embora os estigmas nem sempre se manifestem como bullying, eles desempenham um papel na segurança e confiança da criança. Sempre que um comportamento ou característica se torna normal, os estigmas costumam diminuir. Esse também parece ser o caso na obesidade infantil.
À medida que a porcentagem de crianças obesas aumenta, o efeito negativo sobre seu desempenho diminui. Isso significa que quanto mais crianças se tornam obesas, mais isso se torna normalizado e o impacto negativo diminui.
Essas descobertas sugerem que o baixo desempenho acadêmico decorre de fatores psicológicos, comportamentais e sociais, ao invés de uma diminuição na capacidade cognitiva geral.
Implicações práticas para educadores e pais
Quando os professores percebem que as crianças são mais reservadas, tendem a se isolar ou são estigmatizadas, é preciso tomar medidas para integrá-las à sala de aula e ajudá-las em seu desempenho geral.
Se os professores perceberem que algumas crianças na classe que não estão participando e interagindo, não devem encarar isso como uma diferença de personalidade, mas encorajá-las a participar e construir relacionamentos com seus colegas.
Outra opção é adicionar atividades não físicas à programação da sala de aula, para incluir os alunos que podem não se sentir tão confortáveis em um ambiente ativo. Isso ajuda a reduzir o estigma e a limitar o impacto psicológico sobre elas.
Promover o relacionamento com seus colegas é muito importante para o aprendizado, pois ajuda a reduzir a solidão, a depressão e o isolamento.
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Referências:
MIZIARA, Angela Maria Borges. Celia Vectore. Excesso de peso em escolares: percepções e intercorrências na escola.
SILVEIRA, Déborah Martins da Costa. OBESIDADE INFANTIL DIFICULDADES DOS DOCENTES NO ENSINO DE EDUCAÇÃO NUTRICIONAL.