Quais são as funções cognitivas afetadas pela epilepsia?
Entenda porque a epilepsia afeta as funções cognitivas, neste artigo.
A epilepsia é um distúrbio neurológico, desencadeado por uma atividade elétrica neuronal excessiva em determinada área do cérebro, desencadeando crises recorrentes que podem ser convulsivas ou não.
A epilepsia é mais um sintoma do que a causa da disfunção cerebral e sua característica mais comum é a convulsão. As crises epilépticas podem causar alterações no cérebro, bem como alterações cognitivas e neuropsicológicas.
As funções cognitivas mais afetadas pela epilepsia incluem memória, aprendizagem e linguagem. Saiba mais.
Conteúdo
Como a epilepsia afeta as funções cognitivas
As funções cognitivas são responsáveis por processos mentais que nos permitem realizar as atividades cotidianas. Envolvem a capacidade de processar informações, de estabelecer comportamentos adaptativos, habilidade de resolver problemas e de memorizar informações. Em um nível superior, envolvem lidar com situações complexas de forma criativa para antecipar uma ação futura.
Uma síndrome epiléptica é um agrupamento de convulsões e outros sintomas. A identificação da epilepsia requer avaliação clínica (tipo de crise, idade de início, fatores precipitantes, gravidade e cronicidade, etiologia, localização anatômica e prognóstico) e dados auxiliares, como o eletroencefalograma (EEG).
A maioria das pessoas com epilepsia consegue levar uma vida normal controlando os sintomas com tratamento adequado. No entanto, quando as crises epilépticas se originam em certas áreas do cérebro, como o lobo temporal, podem levar a dificuldades de memória, atenção, concentração e lentidão no processamento de informações.
Causas das deficiências cognitivas
Os efeitos da epilepsia no funcionamento cognitivo podem estar relacionados aos seguintes fatores:
- Idade de início da epilepsia.
- Tipo de convulsão.
- Frequência e duração da convulsão.
- Tipo de medicamento.
- Efeitos da medicação.
Problemas cognitivos na epilepsia
As queixas cognitivas mais relatadas por pessoas com epilepsia são: lentidão mental, comprometimento da memória e déficit de atenção.
No entanto, como as convulsões iniciais podem induzir déficits permanentes e aumentar a suscetibilidade a convulsões, as dificuldades cognitivas mais frequentes em crianças se relacionam à aprendizagem, ao comportamento e à linguagem.
Além disso, algumas “estruturas” cerebrais desenvolvem-se no final da adolescência (como o córtex pré-frontal) sendo necessário tempo para observar os déficits cognitivos causados pela epilepsia infantil.
Os tipos de crises, os resultados do EEG, idade de início, gravidade e cronicidade da síndrome, localização anatômica e etiologia são os principais aspectos da definição de uma síndrome epiléptica. Sendo que, cada um desses parâmetros tem uma influência específica na cognição.
Podemos dizer que as crises mais longas causam mais prejuízos para o desenvolvimento do cérebro. As convulsões prolongadas podem ter um impacto negativo também devido ao risco repetitivo de traumatismo craniano. Por outro lado, algumas crises mais brandas como a ausência também podem ter um efeito negativo no desenvolvimento cognitivo.
Entre todos esses fatores, a gravidade e a cronicidade das crises são as principais fontes dos problemas cognitivos e a localização anatômica explica a especificidade desses sintomas.
Vale lembrar que a condição pré-convulsiva ou os problemas comportamentais co-existentes não devem ser subestimados. Alguns estudos mostraram que em mais de 50%pacientes epilépticos recém-diagnosticados e não tratados problemas cognitivos já estavam presentes.
Além disso, as funções cognitivas superiores, em desenvolvimento e maturação, são mais vulneráveis aos efeitos das convulsões, muito provavelmente devido à sua maior plasticidade.
Prejuízo de memória
Os problemas de memória são muito comuns nas epilepsias, particularmente a memória de curto prazo. As dificuldades de atenção e linguagem podem ser, pelo menos em parte, responsáveis pelos déficits de memória.
Déficits de atenção e funções executivas
A atenção é uma construção neuropsicológica que define o processo da percepção de estímulos. O comprometimento da atenção sustentada é encontrado na epilepsia e afeta a aprendizagem, mais que a dificuldade de memória ou fatores socioeconômicos.
Disfunção de linguagem
As crianças com epilepsia tendem a ter mais problemas de linguagem do que os adultos com o distúrbio. Os mais comuns são: vocabulário pobre, dificuldades para encontrar palavras e anomia (impossibilidade de nomear ou recordar os nomes dos objetos, embora a os perceba e os compreenda). No entanto, há evidências de que a leitura e a ortografia também são afetadas.
A epilepsia é um quadro complexo, que vai além das convulsões. Ela pode causar danos cerebrais irreversíveis, especialmente quando o cérebro está em maturação. Mesmo quando as convulsões são controladas ou ausentes, a epilepsia causa alterações cognitivas persistentes e déficits intelectuais globais.
O controle precoce e completo das crises e a normalização do EEG são fundamentais para a prevenção das deficiências cognitivas na epilepsia. O tratamento geralmente é feito com medicamentos e em casos raros, a cirurgia pode ser recomendada.
Agora que você já sabe quais são as funções cognitivas afetadas pela epilepsia, compartilhe este artigo em sua rede e ajude outras pessoas.
Referências:
MADER, Maria Joana. Avaliação neuropsicológica nas epilepsias: importância para o conhecimento do cérebro. Psicol. cienc. prof. [online]. 2001, vol.21, n.1 [cited 2021-01-25], pp.54-67.
FERNANDES, Maria José da Silva. Epilepsia do lobo temporal: mecanismos e perspectivas. Estud. av. [online]. 2013, vol.27, n.77 [cited 2021-01-25], pp.85-98.
29 Comments
Bom dia. Eu realizei uma cirurgia de epilepsia no HC de CTBA no ano de 2019, e posso dizer que a mesma foi um sucesso.
Boa tarde! Tive quatro epiletico na adolescência… meu quadro de hoje, estou com uma perda auditiva acompanhado com um zumbido é falta de compreensão e muita sensibilidade a som do lado esquerdo do ouvido.. Será que pode ser sequelas da epilepsia?
Boa noite Anderson!
Orientamos a buscar auxílio de um profissional da área.
Atenciosamente,
– Déficit de atenção
– Memória
– linguagem
Olá Luzia, tudo bem?
Obrigada pelo carinho! Continue sempre acompanhando!
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Boa Tarde ! Achei as informações muito Úteis! Fui demitida hoje do meu emprego pq estava com esquecendo coisas muito importantes , e agora sei que tenho memória de curto prazo
Olá Letícia, tudo bem?
Primeiramente agradecemos pela confiança! Nesses casos orientamos buscar um especialista pessoalmente para lhe dar melhores informações e orientação assertivas sobre o caso. De qualquer forma, temos conteúdos no youtube.com/neurosabervideos e Artigos em nosso Blog: http://www.neurosaber.com.br/artigos que podem te ajudar em muitas questões.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Tive um alto nível de stresses no ano de 2009, 10 anos depois tive várias crises epiléticas. Mas os exames normais. Percebi que durante os momentos de tristezas, luto, depressão, preocupação e raiva, é que aconteceram as crises. Eu comecei a me observar pra descobrir o gatilho. Nunca tive isso. Nasci normal e perfeita, só desenvolveu nesses extremos casos de muita dor, tristeza, luto, estresse, raiva enrustida, e depressão. Tomei topiramaro que meu neurologista indicou, mas me emagreceu 20 kg, já sou muito magra, estava ficando fraca, daí eu mesma voltei a usar o fenitoína 100 em comprimidos. Remédios antigos eficiente e que resolvem. Ácido valproico tbm quase me matou de dor no estômago e muita tontura… Eu tomo rivitril 2 mg e fenitoína e deu certo.
Olá Irma, tudo bem?
Obrigada por compartilhar conosco o seu relato. Em nossos canais temos muitos conteúdos que vão te ajudar a entender melhor. Confira nosso canal no Youtube e nosso Blog e continue sempre de olho em nossas redes sociais! 💙
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Boa tarde
Me chamo Belkiz – descobri as crises com 14 anos hoje tenho 37. Passei por vários neuros nesses anos, de 14 anos tomei medicação por 2 anos as crises sumiram, retornaram aos 17 anos – fase da correria, muita crise de enxaqueca, labirintite tudo novo no trabalho, fim de namoro escola, tomei medicação por mais dois anos e sumiram. Porem o retorno sem intervalo significativo foi quando a minha filha nasceu. Mas antes da gestação dela entrei em uma fase onde sentia muita pressão na cabeça como se fosse um balão e passava o tempo todo com certa tontura, devido a isso ficava um tanto irritada. Tive alguns problemas no pós-parto da minha filha relacionados a grande dor por má cicatrização, somados com noites mal dormidas e fase da amamentação que não deu certo no início… No 15º passei boa parte do dia copiando as matérias para voltar para Faculdade – a noite tive o retorno da crise… por consequência não lembrava que tinha filha, não lembrava de nada e demorou vários dias até o cérebro voltar a normal, no mês seguinte tentei voltar para Faculdade mas não consegui – tranquei um semestre… Desde então tomo medicação já mudei várias vezes – mas sou contadora e algumas me atrapalhavam… As crises diminuíram durante um bom tempo. Mas quando engravidei sem esperar (a medicação anulava o efeito do anticoncepcional) as crises voltaram sendo 5 crises na gestação. Hoje meu segundo filho vai fazer 6 anos (na época tomei o depakote) o que é um milagre pois meu filho e perfeito, conforme alguns neuros foi grande erro do neurologista da gestação. Fiquei alguns meses sem crise, porem de certo período para cá estamos percebendo a relação do período menstrual com as crises.
Estava tomando o slinda para ajustar a ovulação, o que diminuiu, mas como foi um período de teste parei de tomar em outubro, quando foi agora ao invés de uma crise no mês tive duas 13/11 e 17/11. Tenho sentido uma pressão que depois se torna dor e tontura. Um outro fato e que todos tem reclamado comigo e que em relatar histórias nunca concluo, sempre repito o mesmo assunto diversas vezes no diálogo e nas escritas sempre faço um chekliste para cortar as repetições que não vejo, mas tenho consciência.
Olá BELKIZ, tudo bem?
Compreendo a sua situação e entendo que não seja fácil, continuar o acompanhamento com um profissional responsável é a melhor forma de lidar com esse tipo de situação. Temos conteúdos disponíveis em nosso site e canal do Youtube acerca da temática, vale a pena conferir: https://youtube.com/neurosabervideos
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Olá,a alguns anos tenho crise de epilepsia, hoje com menos frequência pois mudei alguns hábitos, no início notamos que as crises vinham sempre quando eu estava almoçando, então parei por um tempo com o almoço, hoje e CAD vez mais difícil de ter uma crise,no entanto pessoas ao meu redor notaram uma falta de memória, e isso está preocupando minha mãe…
Olá
Sim, problemas de memória principalmente a de curto prazo, são muito comuns nas epilepsias, procure um especialista para que verifique a melhor intervenção para o seu caso.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Olá. Tomo topiramato 400 mg ao dia,sem ele não paro em pé… pq já operei de uma lobectomia temporal esquerdo… Gostaria de saber oq é meningoangiomatose. São as células das meninges que infeccionou pela febre alta que tive,e formou um tumor? Eu tive 3 convulsões feias quando bebê, depois parou. Com 5 anos começou crises de ausência com aura. Tomo clonazepam há 19 anos, mas os médicos disseram que não precisa pq já tomo topiramato..mas me da crise de pânico quando retira,se eu tomo me da mal estar e vômito. Como posso retirar sem dar efeito nenhum?
Olá Carla, tudo bem?
Ainda não temos um conteúdo sobre este tema, mas vamos colocar em nossa pauta abordar sobre este assunto também. Obrigada pelo contato!
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Boa tarde meu filho sofre de epilepsia generalizada tipo ausente e a crônica ,faz uma semana que ele ele teve uma crise porém desde do episódio ele tem se sentindo sonolento e falando enrolado, o que poderia ter acontecido, ele tem 18 anos e tem crise desde dos 11 anos, toma depakene 500 MG 3 de manhã e 3 de noite e mais o frizom
Olá Janaina, tudo bem?
É importante que você entre em contato com o médico especialista ou neurologista responsável pelo tratamento do seu filho para discutir esses sintomas e buscar orientação adequada.
Espero que encontre a ajuda que precisa!
Jhulli, Equipe NeuroSaber 💙
Nossa! Tenho o mesmo problema que você! Tbm. no ouvido esquerdo….
Olá Ariete, tudo bem?
Primeiramente agradecemos pela confiança! Nesses casos orientamos buscar um especialista pessoalmente para lhe dar melhores informações e orientação assertivas sobre o caso. De qualquer forma, temos conteúdos no youtube.com/neurosabervideos e Artigos em nosso Blog: http://www.neurosaber.com.br/artigos que podem te ajudar em muitas questões.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Boa tarde meu filho sofre de epilepsia generalizada tipo ausente e a crônica ,faz uma semana que ele ele teve uma crise porém desde do episódio ele tem se sentindo sonolento e falando enrolado, o que poderia ter acontecido, ele tem 18 anos e tem crise desde dos 11 anos, toma depakene 500 MG 3 de manhã e 3 de noite e mais o frizom
Olá Janaina, tudo bem?
É importante que você entre em contato com o médico especialista ou neurologista responsável pelo tratamento do seu filho para discutir esses sintomas e buscar orientação adequada.
Espero que encontre a ajuda que precisa!
Jhulli, Equipe NeuroSaber 💙
Bom dia!
Conteudo muito interessante voces tem aqui, muito obrigado por tanto.
passei a ter eplepsia apos uma queda que me gerou um traumatismo craniano, coisa leve de verdade mas apos passei a ter convulsoes, de certa forma controladas pois apenas quando não tomo os remedios sinto que terei, com um intervalo de 2 dias sem remedio ja sinto efeito, nçao sei explicar muito bem. 2/3 minutos antes de ter a convulsão fico sem conseguir falar, compreendo tudo a minha volta mas sei expressar nada, é um momento bem angustiante pois sei que dali a alguns minutos vou ter uma convução, enfim condição bem chata.
Olá Juliano, tudo bem?
A medicação veio para nos dar mais qualidade de vida. Continue nos acompanhando aqui nas redes sociais.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Boa noite, me chamo Joyce, sou Advogada e apresentei epilética do lombo temporal refratária aos 21 anos , tomo 600 de trileptal, 20 de frissium, 200 de quetiapina, 200 de topiramato,150 de venlafaxina, tenho lapsos de memória de me perder na rua , me afastei dos tribunais pois um Juíza disse em uma audiência que tive lapso, que eu atrapalhava os andamentos processuais e fui comunicados pela OAB-RJ que não fizesse audiência pública, pois precisava me cuidar, tem uma lista de doenças que isenta do IR , alienação mental e uma delas , quando estou em crise , o gasto de quase 1 mil reais de remédios , os lapsos de memória que me perco na rua , a falta de concentração, afetou minha profissão não se enquadra na alienação mental? Att Joyce
Olá Joyce, tudo bem?
Sem avaliação não podemos dar uma orientação precisa sobre o caso. É importante buscar um especialista para lhe dar melhores informações e orientação para uma intervenção. De qualquer forma, temos conteúdos no youtube.com/neurosabervideos e também em nosso blog que podem te ajudar em muitas questões.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Sou contadora e amo o que eu faço, mas e uma profissão muito exigente de tempo de estudos e organização- essa doença vem cada vez mais prejudicando. Quando acho que ela sumiu vem com tudo afetando a memoria e dores insuportáveis.
Tive um acidente com ferimento na cabeça que resultou num hematoma subdural crônico que só foi descoberto 120 dias após quando quase 1/3 do crânio/ cérebro tinha sido preenchido pela hemorragia. Após a drenagem do hematoma que durou 3 dias, foi constatada Epilepsia não convulsiva. O médico me proibiu de dirigir alegando que nova crise de ausência poderia ocorrer. Já fazem 8 meses e não ocorreu nada de novo tomando Keppra/Etira diariamente. ALGUÉM ESTÁ HÁ MAIS DE 8 MESES SEM CRISE EPILEPTICA SILENCIOSA? Há informacões de que só posso parar com a medicação após 5 anos sem crise. Alguém tem dados de prazo para me ajudar?
Olá João, tudo bem?
É importante que procure um especialista para que ele possa analisar com cuidado o seu caso. Te desejamos sorte.
Sol,
Equipe NeuroSaber 💙
Há 1 anos e 3 meses fui diagnósticada com epilepsia focal: 3 meses antes do diagnóstico comecei a ter problema na fala, não conseguia articular bem as palavras, como estávamos usando máscara, ninguém percebia, mas foi agravando e colegas de trabalho começaram a perceber, era como se eu engolisse algumas sílabas. Procurei ajuda e no segundo neurologista, ela solicitou um eletroencefalograma com mapeamento cerebral, e aí foi diagnosticado. Iniciei o prebictal e até agora tá controlado.