Verdades e mitos sobre o autismo
Existem muitos equívocos acerca do diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista —TEA. No entanto, para oferecer o suporte que atenda as necessidades das crianças e adultos com autismo, é fundamental ter informações precisas sobre o transtorno.
A falta de compreensão sobre o autismo dificulta o reconhecimento da condição e o acesso ao suporte adequado. Percepções falsas e negativas sobre o TEA, bem como equívocos, levam ao isolamento e a estigmatização de pessoas no espectro.
Dessa forma, é essencial conhecer os mitos e as verdades sobre o TEA. Entenda melhor, neste artigo.
Conteúdo
Mitos mais comuns sobre o autismo
Todos as pessoas com autismo são não-verbais
O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que ocorre em um espectro. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais — DSM-V — é caracterizado por déficits na comunicação e interação social e comportamento, interesses ou atividades restritos e repetitivos.
No entanto, esses déficits variam em termos de gravidade, impacto na vida diária e efeitos na aprendizagem. As dificuldades de linguagem, por exemplo, podem variar entre comunicação social prejudicada e ausência total da fala.
Alguns adultos com TEA são capazes de viver de forma independente, enquanto outros precisam de muito apoio, o que mostra a ampla variedade da gravidade dos sintomas no espectro. Dessa forma, é muito importante que os professores forneçam aos alunos intervenções individualizadas baseadas em suas necessidades únicas e não apenas no diagnóstico.
Pessoas com autismo são mais adequadas para trabalhos que envolvem tarefas repetitivas
Como o autismo é um espectro, não existe um tipo específico de trabalho que seja apropriado para todas as pessoas com TEA. Embora muitas delas possam gostar de tarefas repetitivas, é incorreto presumir que um trabalho é adequado apenas com base no rótulo de deficiência.
Pessoas com TEA têm pontos fortes, talentos e habilidades que as tornam capazes de realizar inúmeros tipos de trabalho. No entanto, infelizmente, a taxa de desemprego é alta e uma razão para isso é que as pessoas com TEA muitas vezes não têm as habilidades sociais necessárias para se sair bem em uma entrevista de emprego ou no local de trabalho.
Por isso, é muito importante que as crianças com autismo tenham a oportunidade de explorar suas habilidades e potencialidades desde a educação infantil e os professores não devem limitar as opções dos alunos porque eles têm autismo.
Os professores têm a responsabilidade de ajudar seus alunos a desenvolver habilidades (incluindo habilidades sociais) que lhes permitirão fazer uma escolha profissional futuramente.
Pessoas com autismo não conseguem se relacionar
Embora a interação social seja prejudicada no TEA, isso não significa que não seja possível se relacionar no espectro. Muitas pessoas com autismo têm relacionamentos satisfatórios com família, amigos, cônjuges e filhos.
A ideia de que as pessoas com TEA preferem o isolamento social é antiga e estudos recentes demonstraram que a maioria deseja se relacionar com outras pessoas, ainda que seja difícil a interação social e a compreensão das pistas sociais.
Os professores devem criar ambientes em sala de aula e oportunidades de interagir com os colegas que apoiem os alunos com TEA na formação de relações sociais. Além disso, podem educar os alunos sobre como formar e manter amizades com seus colegas de classe.
As vacinas causam autismo
Embora não haja uma única causa conhecida de TEA, não há evidências que apoiem a ligação entre vacinas e TEA. A Academia Americana de Pediatria compilou uma lista de estudos de pesquisa que demonstram não haver ligação entre vacinas e autismo.
Embora não haja evidências de que as vacinas causem TEA, existem fatores ambientais e genéticos que estão associados a um maior risco devido ao seu efeito no desenvolvimento do cérebro. Existem atualmente 61 variações genéticas associadas ao risco de TEA e seções repetidas ou excluídas de DNA e anormalidades cromossômicas também foram implicadas.
Os fatores de risco ambientais associados ao autismo incluem idade paterna avançada (acima de 34), saúde física e mental materna precária, uso de medicação pré-natal materna, exposição materna a produtos químicos, parto prematuro, complicações durante o nascimento, baixo peso ao nascer, icterícia e infecções pós-parto.
Embora os professores não possam oferecer aconselhamento médico aos pais, é importante que estejam devidamente informados sobre este assunto. Os pais podem abordá-los para perguntar o que eles sabem sobre a ligação entre as vacinas e o TEA e é seu papel desmistificar essa relação.
O mais importante é entender que crianças e adultos com autismo têm talentos, pontos fortes e necessidades únicas. Ainda sim é fundamental entender as verdades e mitos sobre o TEA, para compreender as características mais comuns no transtorno.
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Referências:
ZANON, Regina Basso; BACKES, Bárbara e BOSA, Cleonice Alves. Diagnóstico do autismo: relação entre fatores contextuais, familiares e da criança. Psicol. teor. prat. [online]. 2017, vol.19, n.1 [citado 2021-06-14], pp. 152-163 .
DE PAULA, Jessyca Brennand. Mônica Ferreira Peixoto. A INCLUSÃO DO ALUNO COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DESAFIOS E POSSIBILIDADES.
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