Voltar

Autismo: habilidades comunicativas não-verbais

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a linguagem, a cognição e a interação social. Os sintomas, geralmente, se manifestam antes dos dois anos, principalmente na forma como os bebês reagem aos estímulos auditivos ou visuais e nas dificuldades de linguagem. 

As dificuldades na interação com o outro, os atrasos na linguagem, a ecolalia, comportamentos restritos e repetitivos, o uso ritualístico da linguagem e a resistência a mudanças são algumas das características observadas no autismo.

As alterações na linguagem são um aspecto fundamental no TEA (Transtorno do Espectro Autista) e se relacionam com a dificuldade de compreender como usar a linguagem para comunicar seus anseios e interpretar a mensagem passada pelo outro.

A criança com autismo tem dificuldade de compreender, enunciar seus desejos, sentimentos e pensamentos, assim como em manter uma conversa. Saiba mais sobre as habilidades comunicativas não-verbais no TEA.

Desenvolvimento de habilidades comunicativas não-verbais

A comunicação começa na interação adulto-criança e as habilidades comunicativas são divididas em: verbais, vocais e gestuais (movimentos do corpo e do rosto). A ausência da comunicação verbal é uma das características do autismo, o que afeta a interação social e a aprendizagem.

Crianças com desenvolvimento típico conseguem aprender simultaneamente várias habilidades de comunicação e o desenvolvimento das habilidades comunicativas não-verbais é evidente aos 9/12 meses, o que não acontece nas crianças com TEA.

As crianças com autismo precisam desenvolver essas habilidades, sendo muito comum que elas comuniquem melhor suas intenções com movimentos corporais para compensar suas dificuldades em outras formas de comunicação, como contato visual e gestos.

As habilidades comunicativas não verbais devem ser estimuladas em crianças com TEA, para que elas possam atingir seu potencial em relação às habilidades de interação social. 

Isso porque elas apresentam níveis mais baixos de comunicação intencional (como gestos e olhares) em comparação aos seus pares de idade (crianças com desenvolvimento típico).

As crianças com autismo tem mais dificuldades para fazer expressões não verbais como imitações, posturas, gestos, expressões faciais e contato visual, assim como em usar as habilidades não-verbais para se comunicar, como apontar para mostrar algo ou interagir com alguém.

Muitos pais de crianças com TEA conseguem perceber esses sintomas desde o primeiro ano, como a falta de expressões faciais e contato visual. A comunicação intencional em crianças com autismo é prejudicada, quando comparamos com o desenvolvimento típico.

Dessa forma, compreender as habilidades comunicativas não verbais em crianças com autismo é importante, especialmente para entender como estimulá-las, seja na escola ou em casa.

Habilidades de comunicação não verbal em crianças com TEA

As crianças com TEA usam a comunicação não verbal de uma forma específica e apresentam dificuldades na imitação, comunicação visual, atenção compartilhada e compreensão das expressões faciais.

No entanto, é preciso saber interpretar as formas de comunicação que as crianças com autismo utilizam, como recurso único de expressão. Pais, professores e profissionais que atendem crianças com TEA precisam valorizar a sua linguagem, dando sentido e significado a forma como ela se comunica, (comunicação verbal e não verbal).

Isso é mais importante do que se preocupar com a fala, pois quando a criança com autismo usa gestos para se comunicar, são estes que devem ser interpretados e ressignificados. Ainda que os gestos raramente sejam usados com finalidade de se comunicar, isso acontece.

As crianças com autismo podem usar gestos para comunicar suas intenções, ainda que sua interpretação não seja óbvia. Da mesma forma, a ecolalia, por exemplo, muito comum no autismo, pode ter um sentido de comunicação. 

Estudos revelam que as habilidades comunicativas não verbais, como os gestos, aparecem com mais frequência no autismo, do que as habilidades vocais e verbais. Os gestos são uma forma de comunicação não verbal e servem para expressar as intenções, mesmo no autismo.

Como estimular o desenvolvimento das habilidades comunicativas não-verbais

Visto que as crianças com autismo, em sua maioria, apresentam dificuldades com as habilidades verbais, é importante entender como elas se expressam usando as habilidades comunicativas não-verbais.

Na escola, por exemplo, muitos professores de crianças com autismo relatam que o desenho pode ser uma ótima ferramenta para facilitar a comunicação entre eles. A criança com TEA pode ser capaz de expressar muito melhor o que sente ou deseja através de desenhos, do que pela fala.

A comunicação só é eficaz se for transmitida de forma inequívoca e clara, e se o receptor entende o que é transmitido pelo outro. Ou seja, a comunicação pode ser considerada bem-sucedida quando uma pessoa entende a mensagem enviada por outra pessoa em uma conversa.

Um ponto interessante é que as palavras constituem apenas 45% da comunicação e a linguagem corporal representa 55%. Dessa forma, a importância da comunicação não-verbal não pode ser subestimada.

Professores e pais devem, portanto, estimular o desenvolvimento das habilidades comunicativas não-verbais das crianças com autismo, compreendendo-as como uma importante ferramenta de comunicação no TEA.

Se restou alguma dúvida sobre as habilidades comunicativas não-verbais no autismo, deixe nos comentários.

Referências:

CAMPELO, Lílian Dantas et al. Autismo: um estudo de habilidades comunicativas em crianças. Rev. CEFAC [online]. 2009, vol.11, n.4 [cited  2021-01-19], pp.598-606.

Chiang, Chung-Hsin & Soong, Wei-Tsuen & Lin, Tzu-Ling & Rogers, Sally. (2008). Nonverbal Communication Skills in Young Children with Autism. Journal of autism and developmental disorders. 38. 1898-906. 10.1007/s10803-008-0586-2.

Você também pode se interessar...

6 respostas em “Autismo: habilidades comunicativas não-verbais”

Olá Rosângela, tudo bem?

Ainda não temos um conteúdo sobre este tema, mas vamos colocar em nossa pauta abordar sobre este assunto também. Obrigada pelo contato!

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *