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Como é o processo de alfabetização de uma criança com autismo?

Neste artigo, vamos falar sobre alfabetização no autismo. Um processo que envolve desafios, pois as variáveis no espectro são enormes e não existe uma criança igual a outra.

Ainda que existam muitas pesquisas sobre o processo de alfabetização no autismo, não tem nenhum método que seja específico para o TEA — Transtorno de Espectro Autista. Dessa forma, podemos dizer que a alfabetização no TEA demanda ajustes nas metodologias utilizadas, mas não há uma que seja específica para alfabetizar crianças com autismo.

No entanto, a metodologia fônica é a mais indicada para o processo de alfabetização em transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo. O mais importante na alfabetização no autismo é considerar a individualidade de cada aluno no planejamento pedagógico, fazendo as adaptações necessárias.

Isso porque existem características comuns no TEA, mas o espectro engloba uma ampla variedade na intensidade dos sintomas. Algumas crianças podem ser verbais, enquanto outras não falam nada, por exemplo. Pensando nisso, escrevemos este artigo para que você entenda como é o processo de alfabetização no autismo. Confira!

Características do TEA

As principais características comuns no autismo são problemas na comunicação verbal e não verbal que comprometem a interação social. Além disso, comportamentos repetitivos e interesses restritos também são características comuns no autismo. 

O problema da linguagem no autismo está relacionado aos déficits de comunicação, que prejudicam a interação social. As crianças com autismo têm muita dificuldade em decifrar signos sociais e entender o contexto, o que dificulta o contato e as relações com o outro.

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, apresenta sinais durante o desenvolvimento da criança. É importante que pais e professores se atentem aos sinais, porque o diagnóstico precoce facilita que a criança receba a estimulação adequada.

A falta de contato visual e o atraso na fala, por exemplo, são importantes indícios para o diagnóstico de autismo, podendo ser detectados antes dos dois anos. Outras características comuns no autismo são:

  • pouca reciprocidade;
  • não dialoga nem compartilha objetos ou interesses;
  • prefere objetos que pessoas;
  • visão fragmentada do todo e hiperfoco em detalhes;
  • dificuldade para usar pronomes;
  • uso de jargões e termos ininteligíveis;
  • ecolalia, repete termos vistos em filme e desenhos na tentativa de diálogo;
  • estereotipias, manias e rituais;
  • problemas com mudanças de rotina e rigidez de pensamento e ação;
  • mudança de humor;
  • hipersensibilidade auditiva, visuais e gustativas;
  • irritação com estímulos táteis e auditivos;
  • memória muito boa para formas e sequências visuais;
  • pouca sensibilidade a dor.

Alfabetização no autismo

Como o transtorno é um espectro, algumas crianças falam, mas não se comunicam, ou são pouco fluentes e até mesmo não falam nada. Por isso a importância do olhar individualizado na alfabetização no autismo. 

Um fator muito importante a ser considerado é se existe ou não a Deficiência Intelectual, que está presente em 50% dos casos de TEA. Por outro lado, cerca de 5 a 10% das crianças com autismo apresentam altas habilidades.

Algumas características do processamento cognitivo no TEA, devem também ser consideradas no processo de alfabetização, tais como:

  • disfunção executiva, motora e espacial;
  • lenta velocidade de processamento;
  • baixa capacidade de manter a atenção em tarefas sequenciais;
  • memória boa para o hiperfocal e ruim para o que não interessa.

Todos esses aspectos devem ser considerados na alfabetização no autismo, para que o professor adapte suas estratégias de ensino de maneira que possibilite o aprendizado. O interesse restrito, por exemplo, pode ser um grande aliado no processo de alfabetização, para manter o interesse e a motivação. 

O aluno com autismo pode se destacar na identificação direta das palavras, ou seja, pode decorá-las com facilidade. A dificuldade irá aparecer nas habilidades fonológicas mais complexas, como compreender contextos.

As crianças com autismo também apresentam dificuldade na associação das palavras, nas narrativas, análise e frases com significado complexo, palavras com duplo significado e metáforas. A compreensão do texto é um desafio para elas. 

O processo de alfabetização no autismo

Conhecendo as principais características comuns do autismo, é o momento de conhecer o seu aluno. Conhecer o seu comportamento, conversando com a família e profissionais, é muito importante para o processo de alfabetização.

Além disso, observar as comorbidades associadas — como a DI — e conscientizar os pais sobre o processo de alfabetização, são os primeiros passos. As atividades estruturadas sequenciadas, com instrução explícita e altamente visuais, favorecem o entendimento das crianças com autismo.

O mais importante é trabalhar sempre com instrução explícita e apoio visual. A alfabetização no TEA não é diferente, apenas são necessárias algumas adaptações nas estratégias. O mais importante é conhecer as características de cada aluno e considerar suas dificuldades e habilidades no planejamento pedagógico.

Restou alguma dúvida sobre o processo de alfabetização no autismo? Deixe nos comentários.

Referências:

NUNES,Débora Regina de Paula. Elizabeth Cynthia. Processos de Leitura em Educandos com Autismo: um Estudo de Revisão. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbee/v22n4/1413-6538-rbee-22-04-0619.pdf

http://www.exatasnaweb.com.br/revista/index.php/anais/article/view/170

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9 respostas em “Como é o processo de alfabetização de uma criança com autismo?”

Muito bom e esclarecedor o texto.
Transmite de forma leve e direta como podemos ajudar no processo de alfabetização dessas crianças.

Como saber se uma criança já está pronta para entrar no processo de alfabetização?
Tenho um paciente em avaliação, onde a mãe quer saber se já pode começar a alfabetizar ou se algum dia vai ser possível a alfabetização.
O meu paciente tem uns 6 anos

Meu neto tem 2 anos e 3 meses, não atende quando o chamam, tem movimentos repetitivos, canta e dança na linguagem dele, não fala. Não suporta barulho.
Desde antes dele completar 2 anos eu já desconfiava que talvez isso fosse um sinal de altismo.

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