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Criança com autismo na escola regular é adequado?

A criança com autismo no contexto da educação infantil sempre gerou muitos debates acerca dos desafios e das conquistas obtidas pelos alunos, familiares e professores. Afinal, nada mais gratificante que perceber o aproveitamento dos pequenos em um ambiente que preze pela diversidade de perfis como a escola.

Entretanto, é preciso trazer à tona uma discussão que apresenta sempre atualidade por ser um tema urgente e indispensável na vida de todos que convivem com uma pessoa diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). O conteúdo deste artigo tentará responder ao questionamento de leitores sobre a eficácia da inclusão de alunos com autismo no ensino regular.

Essa inclusão é adequada?

Bom, é preciso voltar no tempo e relembrar a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, aprovado no ano de 2007 pelo Ministério de Educação e Cultura.

De acordo com o documento, essa política “tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais, garantindo:

  • Transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior;
  • Atendimento educacional especializado;
  • Continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino;
  • Formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais
  • Profissionais da educação para a inclusão escolar; Participação da família e da comunidade;
  • Acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação;
  • Articulação “intersetorial na implementação das políticas públicas”

(Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2007, on line).

Ao longo dos anos, várias pesquisas foram realizadas a fim de constatar a eficácia do ensino voltado para o público composto por criança autista, para citar apenas um exemplo.

O próprio documento que rege a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva explica que os estudantes com transtornos globais de desenvolvimento apresentam alterações qualitativas nas interações sociais e na comunicação, mas que, por outro lado, demonstram “potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade, e artes”.

Esses alunos apresentam também considerável criatividade, total envolvimento em atividades e realização de tarefas em áreas de seus respectivos interesses. Essa Política foi criada como forma de propiciar uma aproximação dos alunos que antes pertenciam à chamada educação especial aos parâmetros do ensino regular.

Diante disso, nota-se toda uma abordagem acerca da eficiência que gira em torno dessa acessibilidade na educação infantil. A adequação da estrutura, dos conteúdos e até mesmo da didática aparece como um direcionamento em busca da meta: tornar o ensino regular apropriado para criança com TEA e demais transtorno afins.

O fator aprendizagem é possibilitado quando a escola conta com professores cuja didática permite uma fruição dos conteúdos de forma que os alunos com autismo ou não consigam aprender. Porém, outros aspectos são trabalhados, como a interação social, a comunicação, a cognição e a coordenação motora.

Facilitando a experiência da criança com autismo

Para um trabalho satisfatório e que traga resultados, é importante que os educadores sempre busquem e mantenha o contato visual com o aluno diagnosticado com TEA. Isso estimula a comunicação e ajuda a mediar a interação com as pessoas, seja através de brincadeiras entre os alunos e as tarefas, adotando uma linguagem que seja simples e clara. A utilização de suportes como computadores, tablets, músicas, parlendas e livros são ideais para facilitar a experiência da criança. É importante salientar que a escola também esteja atenta a esses detalhes, pois o professor sozinho não conseguiria desempenhar tal trabalho.

Pesquisa realizada por Barberini (2016) aponta que muitos professores do Estado do Paraná, local investigado em seu estudo, a maioria dos educadores do fundamental realiza trabalhos tanto em grupo como individual como forma de avaliar as competências do aluno em diferentes contextos.

Por exemplo, nas atividades individuais a criança com autismo pode ter avaliado o seu nível de aprendizado e o desempenho em sala de aula. Já nas atividades em grupo, os professores podem analisar a comunicação do estudante diante dos colegas e até mesmo a espera enquanto outra pessoa está falando. Isso tudo é avaliado.

Como a criança pode absorver o conteúdo ensinado?

Em artigos anteriores já abordamos um pouco sobre esse tema e havíamos falado sobre como o aluno com TEA poderia absorver esse conteúdo. Veja abaixo:

  • Através da aproximação com a criança, utilizando-se objetos e maneiras que o autista se mostra interessado;
  • Por meio de um ambiente que favoreça tal fruição;
  • Metodologias que torne o aprendizado muito mais proveitoso;
  • Acompanhar as necessidades do autista, como a leitura e a escrita.

protea-1-1 Criança com autismo na escola regular é adequado?

Desafios de outras épocas

Não foram poucas as lutas de pais e mães na busca por uma educação inclusiva. A própria Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva mostra isso. Veja o trecho a seguir.

O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”. Ao estabelecer objetivos e metas para que os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades 9 educacionais especiais dos alunos, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao atendimento educacional especializado (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2007, online).

Vale lembrar que essa expectativa era para a década de 2000, que se despontava como uma época de mudanças profundas na educação. De fato, ocorreram mudanças consideráveis, mas ainda hoje precisamos mais de pessoas que tenham a plena consciência da educação inclusiva e como ela muda vidas.

 

 

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4 respostas em “Criança com autismo na escola regular é adequado?”

A questão importante a ser considerada é do relacionamento com os demais educandos ao longo do período de aula e o ano letivo. Neste contexto se percebe o quanto o sistema de educação regular inclusivo é fadado ao fracasso.
É fato que as crianças e principalmente os jovens especiais são prejudicados e desvalorizados no convívio pelos próprios alunos do ensino regular.
Neste aspecto, qual seria a devida medida adotada aos chamados gestores públicos que a reveria e sem a consideração da opinião da família especial, obrigam as pessoas especiais e autistas se matricular em escolas de ensino regular ?
A família especial está sendo discriminada até mesmo no momento do benefícios da lei.

Olá Airton, tudo bem?

Infelizmente as escolas publicas não são pensadas para receber todas as crianças, pois elas (escolas) não dão conta da complexidade que cada individuo pode trazer para o ambiente escolar. Nossa luta aqui na NeuroSaber é fazer a alfabetização das crianças típicas e atípicas sem nenhuma distinção.

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

Estou muito triste sobre as escolas regulares!! Não vejo uma estrutura adequada e interesse constantes . Por isso me pergunto se seria possível outro recurso p uma criança ter uma convivência de aprendizagem sem ser a escola!!!

Olá Josi, tudo bem?

Infelizmente as escolas em sua grande maioria não estão devidamente para receber todas as crianças, nossa luta aqui na NeuroSaber é fazer a alfabetização das crianças típicas e atípicas sem nenhuma distinção. Orientamos sempre manter um dialogo com o núcleo escolar e com o especialista que acompanha a criança, para que sempre encontrem maneiras mais assertivas para que a criança tenha a melhor experiência possível no convívio escolar. Continue nos acompanhando nas redes sociais e aqui no blog, temos muitos conteúdos que podem te ajudar a entender melhor isso.

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

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