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Jogos virtuais como intervenção no autismo

A tecnologia dos jogos está mais sofisticada e acessível do que nunca, e por isso há uma onda crescente de pesquisadores que a utilizam como intervenção para pessoas com autismo.

Muitas intervenções que visam a melhorias na comunicação social e outras questões cognitivas, de aprendizagem e físicas foram desenvolvidas para ajudar as pessoas autistas. 

Para entender melhor como os jogos virtuais podem ser um benefício para crianças com autismo, continue lendo o artigo. 

Jogos virtuais e autismo: úteis ou prejudiciais?

Os videogames continuam sendo uma das formas mais polarizadoras de entretenimento.

Uma rápida varredura da cobertura da mídia sobre o assunto revela uma falta de consenso, com relatórios sobre os efeitos dos jogos adotando uma postura fortemente positiva ou negativa.

Os especialistas, no entanto, permanecem divididos sobre se devemos ser cautelosos com o jogo por causa de alegadas preocupações em torno do vício, ou se devemos adotá-lo por causa de suas possibilidades de facilitar a interação social.

Alguns pesquisadores dizem que os videogames podem ser um lugar seguro para pessoas autistas se socializarem. Em um  relatório, a Dra. Kathryn Ringland da Northwestern University, autora de vários estudos na área, diz que os videogames podem remover partes “dolorosas e desafiadoras” da interação social.

Embora muitas pesquisas examinam a interação social entre pessoas autistas e neurotípicas, tem sido sugerido que os videogames, em virtude da alta participação autista, também podem aumentar o potencial de pessoas autistas interagirem com outras pessoas autistas.

Porque usar os jogos virtuais como forma de intervenção no autismo

Sabemos que muitas pessoas autistas jogam jogos para se divertir, relaxar, se conectar com outras pessoas e desenvolver habilidades.

Veja alguns exemplos de benefícios dos jogos virtuais com forma de intervenção. 

1. Ambientes virtuais visualmente estimulantes. 

Muitas crianças autistas demonstram pontos fortes em raciocínio visual-espacial e reconhecimento de padrões, atenção aos detalhes visuais e preferência por informações visuais. 

Como os jogos exigem atenção a dicas visuais e boas habilidades espaciais, eles são inerentemente recompensadores para pessoas com tais qualidades.

2. Os jogos são altamente imaginativos, mas com uma estrutura bem definida. 

Algumas crianças vão demonstrar uma forte afinidade por RPG e jogos de ação-aventura, que apelam ao desejo de fantasia sem exigir as habilidades imaginativas autogeradas que muitos com autismo acham difíceis.

3. Pistas visuais e auditivas claras.  

As crianças do espectro frequentemente valorizam as regras e a avaliação objetiva mais do que seus pares neurotípicos. 

Compreender e trabalhar dentro de regras claramente definidas pode ser essencial para evitar ansiedade e colapsos sensoriais.

4. Oferecem expectativas claramente definidas e reforço repetitivo. 

Pessoas autistas têm uma forte preferência pela rotina e repetição. Situações indefinidas muitas vezes aumentam sua ansiedade, tornando-os desconfortáveis ​​e procurando uma forma de escapar. 

Os videogames oferecem um espaço seguro com parâmetros definidos para praticar e dominar novas habilidades.

5. Os jogos virtuais são mais previsíveis e controláveis ​​do que o mundo real.  

O comportamento humano imprevisível é especialmente desafiador para autistas. 

Compreender pistas sociais, expressões idiomáticas, humor, sarcasmo e sátira também pode causar ansiedade em ambientes do mundo real. 

Em um jogo que se torna mais familiar a cada vez que o joga, um jogador autista pode navegar por esses desafios em um ambiente seguro e controlável.

Embora melhorar as habilidades sociais de crianças com autismo em casa de forma online seja importante, isso não deve substituir o tratamento multidisciplinar. Pelo contrário, fazer as duas coisas ajudará sua criança a crescer e a se desenvolver bem mais. 

Para entender melhor sobre terapias complementares no TEA, assista esse vídeo com o Dr. Clay. 

Referências 

Jouen, AL., Narzisi, A., Xavier, J. et al. GOLIAH (Gaming Open Library for Intervention in Autism at Home): a 6-month single blind matched controlled exploratory study. Child Adolesc Psychiatry Ment Health 11, 17 (2017). https://doi.org/10.1186/s13034-017-0154-7

ATHERTON, Gray; CROSS, Liam. The Use of Analog and Digital Games for Autism Interventions. Frontiers in Psychology, p. 3049, 2021. Disponível em <https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2021.669734/full> Acesso em 28 SET 2021.

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3 respostas em “Jogos virtuais como intervenção no autismo”

Dr. Clay. Existe algum estudo ou local onde a realidade virtual é trabalhada com o foco na reabilitação ou na estumulação de cças, adolescentes e jovens com transtornos.

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