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O que é Lateralidade na psicomotricidade?

Você já percebeu que conforme a criança vai crescendo e vai adquirindo habilidades motoras, também começa a demonstrar preferência entre direita e esquerda? 

Quer saber como esse aspecto psicomotor interfere no desenvolvimento dela? Confira a seguir!

O desenvolvimento integral da criança envolve vários fatores, como funções cognitivas, linguísticas, emocionais e também motoras. A cada fase, a criança vai descobrindo o mundo, o próprio corpo e como interagir nas diversas situações do cotidiano.

A psicomotricidade é a ciência que estuda aspectos psicológicos, os movimentos do corpo e as emoções, correlacionados e como devem a ser desenvolvidos em cada faixa etária. Portanto, a psicomotricidade é fundamental ao desenvolvimento integral da criança.

O desenvolvimento psicomotor deve ser estimulado através de atividades que envolvam movimentos ordenados, emoções e habilidades cognitivas, respeitando o desenvolvimento e o amadurecimento da criança

Incentiva a prática do movimento em todas as etapas da vida da criança e deve ser trabalhada desde o início da escolarização infantil

Esse desenvolvimento deve ser estimulado desde o início da vida, tanto no ambiente familiar como no ambiente escolar.  

Recebendo o estímulo adequado à idade e às reais possibilidades, a criança poderá desenvolver habilidades necessárias para se adaptar bem ao ambiente e até prevenir dificuldades futuras na aprendizagem

Criança e movimento: Psicomotricidade para aprendizagem

Desde estudos de 1870, há evidências de que o movimento é um fator fundamental para a formação global da criança, principalmente quando diz respeito à primeira infância. É nesse período, principalmente, que podemos observar pistas do seu desenvolvimento e trabalhar suas habilidades de forma lúdica e assertiva.

Fechar e abrir de mãos, arremessar objetos, mexer o corpo, brincadeiras. Desde o nascimento, a criança apresenta movimentos que expressam seus desejos, emoções e carregam características específicas de sua faixa etária. 

A expressão corporal, se bem estimulada através de atividades baseadas em evidências, são fortes ferramentas para sedimentar todo o processo intelectual de aprendizagem. A psicomotricidade incentiva a prática do movimento em todas as etapas da vida da criança e deve ser trabalhada desde bem cedo. 

Fases do desenvolvimento psicomotor 

Entender as fases do desenvolvimento psicomotor e qual sistema estará sendo envolvido ajuda a pais e professores a identificar quais atividades serão mais adequadas à cada etapa da vida. Essas etapas existem devido à maturação cerebral.

As conexões entre os neurônios do cérebro se tornam cada vez mais complexas. Da mesma maneira, comportamentos simples vão se tornando cada vez mais complexos. Veja:

  • De 0 a 6 meses: Chamada de fase reflexiva, é a fase em que a criança faz a codificação e decodificação em reflexo aos estímulos empregados. Nesse período, a criança inicialmente apresenta apenas reflexos primitivos. Depois, começa a sustentar a cabeça, levar as mãos à boca, passa a sentar com apoio, aprende a manipular objetos, a rolar, engatinhar e até bate palmas quando ouve uma música.
  • De 6 meses a 2 anos: Chamada de fase rudimentar, onde ocorre a inibição dos reflexos e pré-controle por parte dos pequenos. É nesse período que os primeiros passos são observados, a criança começa a realizar o movimento de pinça com os dedos, a se comunicar por meio de gestos e manipular objetos cada vez com mais destreza.
  • De 2 a 6 anos: Chamada fase de movimentos fundamentais, onde a criança passa pelo estado funcional e elementar até chegar à maturação. Nessa fase, a criança consegue manipular objetos cada vez menores e com movimentos mais complexos (como rosquear tampa e abrir zíper). Ela também aprende a utilizar tesoura, faz desenhos cada vez mais elaborados, aprende a se vestir sem ajuda, amarra seus sapatos e brinca com quebra-cabeças complexos.
  • De 7 em diante: Fase em que a criança passa para movimentos especializados.

No vídeo a seguir você verá algumas das atividades para experimentar:

É na educação infantil que a criança mais se desenvolve e estrutura as habilidades de aprendizagem. E um dos campos de maior importância para serem trabalhados no desenvolvimento motor da criança é a lateralização.

O que é lateralidade? 

Lateralização envolve dois componentes: a lateralidade e a dominância lateral.

A lateralidade diz respeito à capacidade de diferenciar e nomear direita e esquerda, seja no próprio corpo, no corpo de outra pessoa ou no espaço. Ela é desenvolvida por volta de 8 ou 9 anos de idade.

Já a dominância lateral se trata da capacidade de dominar um lado do corpo. Ela começa a se desenvolver antes mesmo de a criança aprender a discriminar direita e esquerda, por volta de 2 ou 3 anos de idade, até os 7 anos, aproximadamente. Essa dominância lateral tem relação com a maturação cerebral. 

A dominância lateral é basicamente a escolha ou predisposição à utilização de um dos lados do corpo. A criança, conforme vai se desenvolvendo, começa a distinguir lados, apresentar dominância e maior destreza em um deles. 
É compreensível que isso ocorra, uma vez que o nosso cérebro é composto por hemisférios distintos – o direito e o esquerdo – e a habilidade de adaptar os movimentos corporais a um dos lados está relacionada ao desenvolvimento dos centros motores e sensoriais de um dos hemisférios cerebrais durante o processo de amadurecimento.

Como interfere no desenvolvimento?

O lado que é “preferido” tende a possuir maior força muscular, sendo responsável por iniciar as atividades do corpo, enquanto o outro lado atua como um assistente, e ambos trabalham de forma complementar.


Segundo Jean Le Boulch (2001), o corpo não é exatamente igual nos dois lados e isso afeta a forma como nos movemos e nos adaptamos. A preferência por um lado do corpo é importante para entender como o corpo funciona, sendo a dominância lateral uma direcionadora do esquema corporal. Podemos percebê-la em três aspectos: mãos, olhos e pés.

É importante estimular a criança desde o nascimento até cerca de 7 a 9 anos de idade, quando seu desenvolvimento motor, especialmente sua dominância lateral (ou seja, o lado dominante do corpo), está praticamente definida. 

Mas é necessário ressaltar que o desenvolvimento motor da criança deve ser  avaliado de acordo com a sua idade, sem ultrapassar os limites específicos dos estágios de seu desenvolvimento.

Conhecer os diferentes marcos do desenvolvimento motor permite que sejam notados atrasos no desenvolvimento, para realização de intervenções específicas, bem como que sejam realizadas estimulações adequadas a fase em que cada criança se encontra.

O movimento corporal também é um agente educacional e, sendo assim, se a criança não for adequadamente estimulada durante esse período, poderá ter, por consequência, dificuldades de aprendizagem e até prejuízos na coordenação motora na fase adulta.

Mas e se minha criança não é típica?

Em alguns casos em que a criança apresenta especificidades em seu desenvolvimento, como transtornos do neurodesenvolvimento ou deficiências, pode ser que haja alterações no cérebro que explicam algumas variações nas fases citadas anteriormente, como atrasos do desenvolvimento motor. 

Mesmo nesses casos a estimulação da lateralização, seja ela através do tato, da visão, ou de qualquer outro sentido é necessária não apenas para criação de consciência de direita e esquerda, como também para todos os aspectos motores da criança.

Um acompanhamento multidisciplinar fará toda a diferença, unindo pais, escola, psicomotricista e outros profissionais que formem uma equipe multidisciplinar de cuidado em torno da criança. Portanto, se observar atrasos no desenvolvimento da criança, busque auxílio de um profissional especialista e consulte o neuropediatra,

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Referências:

LE BOULCH, Jean. Rumo a uma ciência do movimento humano –Artes Médicas Sul Ltda. 1987

LE BOULCH, J. O Desenvolvimento Psicomotor: do nascimento até os 6 anos. Tradução de Ana GuardrolaBrizolara. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.

NEGRINE, Airton. Educação psicomotora: a lateralidade e a orientação espacial. Porto Alegre: Palloti. 1986.

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2 respostas em “O que é Lateralidade na psicomotricidade?”

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