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OS NÍVEIS DE INTENSIDADE DO AUTISMO: LEVE, MODERADO E SEVERO

Categorizar a intensidade do autismo é imprescindível para ajudar a criança e buscar soluções para melhorar o seu desempenho escolar.

DEFINIÇÃO DE AUTISMO

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento cujo diagnóstico é feito por observação dos fatores clínicos e comportamentais da criança. O autismo é caracterizado por dificuldade e inabilidade de interação social, distúrbio, disfunção e anormalidade de comunicação social; e comportamentos excessivamente restritos e repetitivos que levam a criança a não se engajar em atividades de plena interação social.

Essa condição começa nos primeiros 3 anos de vida, ocorrendo em cerca de 1 a 1,5% das crianças. Para definir a intensidade do autismo é necessária a observação clínica dos sinais e graus de intensidade desses fatores.

As variadas intensidades acontecem pelo fato de o autismo ser um quadro extremamente heterogêneo. Existem pessoas com autismo que são professores de faculdades, como também existem autistas com dificuldades severas; há crianças com autismo que com 10 meses de vida reconhecem as letras, enquanto outras chegam aos 9 anos de idade com dificuldade na alfabetização. Portanto, essa multiplicidade de apresentações do quadro autístico requer a adoção de um sistema no qual seja possível classificar sua intensidade e direcionar as ações de intervenção.

POR QUE É NECESSÁRIO DEFINIR A INTENSIDADE DO AUTISMO?

A intensidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA) serve para estabelecer parâmetros do quanto será necessário intervir na criança para melhorar aspectos de determinados quesitos que estejam atrasados.

– Dizer que a criança tem um autismo severo não significa que ela não vai conseguir melhorar o seu quadro e reduzir a intensidade;

– Categorizar a intensidade do autismo auxilia na busca de soluções para melhorar o desempenho da criança na escola, e muitas vezes é preciso argumentar quando ela precisa de profissionais para realizar o acompanhamento escolar. Logo, saber da intensidade do autismo torna mais fácil embasar a argumentação;

– Quando se coloca os níveis de intensidade do TEA, é possível estabelecer um padrão dos pontos que precisam melhorar. A partir disso, é mais fácil fazer as avaliações periódicas e definir o que era severo e deixou de ser com as intervenções aplicadas.

O QUE DEFINE A INTENSIDADE DO TEA?

Alguns fatores definem a intensidade do autismo, como:

– Grau de dependência;

– Nível de comprometimento da linguagem (verbal e não-verbal);

– Grau de dificuldade para iniciar e manter relações contínuas do ponto de vista social.

Quanto mais intenso for o comprometimento dessas 3 áreas, mais severo será o autismo, e quanto menor o comprometimento, mais leve será sua intensidade.

AUTISMO LEVE

O indivíduo tem apenas algumas dificuldades no ambiente social, mas consegue ter uma certa autonomia, necessitando de apoio e ajuda apenas em alguns momentos;

– Consegue falar e conversar à sua maneira, e em determinadas ocasiões ele será corrigido por pequenos e leves erros de fala ou linguagem;

– A Síndrome de Asperger está incluída na intensidade leve do autismo.

AUTISMO MODERADO

– O indivíduo não consegue ter uma boa comunicação verbal e não-verbal, não fala todas as palavras e erra frases em alguns momentos da fala. Dessa forma, a construção de frases é parcial e deficitária, de modo que as pessoas não entendem muito bem sua intenção ao falar;

– Os comportamentos repetitivos ocorrem com um pouco mais de frequência em comparação ao autismo leve;

– Tem uma dificuldade maior em chegar em algum lugar e começar uma interação, precisando que alguém atue como um mediador da situação.

AUTISMO SEVERO

– O indivíduo não consegue falar de forma satisfatória e muitas vezes realmente não fala. Os autistas não verbais já são considerados de intensidade severa, pois não apresentam condições de comunicação verbal;

– Alta dependência para a realização de atividades diárias e sociais;

– Capacidade cognitiva prejudicada;

– Tende ao isolamento social e apresenta alta inflexibilidade de comportamento.

COMO DEFINIR A INTENSIDADE DO TEA?

– Usando os critérios da 5ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5);

– Utilizando escalas de avaliação diagnóstica: Escala CARS (Childhood Autism Rating Scale, Escala ADOS (Autism Diagnostic Observation Schedule) e Escala ADI-R (Autism Diagnostic Interview – Revised).

 A VANTAGEM DE USAR A ESCALA DE AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

A escala não diz apenas o nível de intensidade do autismo, mas, de forma detalhada, expõe o que está mais atrasado nos quesitos do desenvolvimento e o que está mais avançado. Desse modo, a equipe que acompanha a criança terá a noção de quais pontos merecem uma maior atenção e foco nas intervenções para equilibrar os parâmetros de desenvolvimento, com o intuito de que o quadro seja cada vez melhor e mais compensado.

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. Developmental Coordination Disorder. Diagnostic and statistical manual of mental disorder (DSM-5). 5th ed. Arlington; 2013. Disponível em: http://neuroconecta.com.br/wp-content/uploads/2019/01/DSM-5-portugues.-pdf.pdf. Acesso em: 21 jun. 2022.

ROCHA, J. G.; GIGONZAC, M. A.; VIEIRA, T. C.. ANÁLISE DA ENTREVISTA CARS E QUESTIONÁRIO ADI-R EM TRANSTORNO ESPECTRO DO AUTISMO (TEA). Ciência para redução de desigualdades, v. 5, p. 1-10, 2019. Disponível em: https://www.anais.ueg.br/index.php/cepe/article/view/12665. Acesso em: 21 jun. 2022.

FERREIRA, Eyldia. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) E A EDUCAÇÃO: ESTRATÉGIAS DE APRENDIZADO. Orientadora: Karen Guedes Oliveira. 2021. 27 f. TCC (Graduação) – Curso de Pedagogia, Universidade Federal da Paraíba – UFPB, João Pessoa, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/22738. Acesso em: 21 jun. 2022.

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3 respostas em “OS NÍVEIS DE INTENSIDADE DO AUTISMO: LEVE, MODERADO E SEVERO”

Boa tarde ..meu aluno 4 ano do ensino fundamental com TEA ..fazia apenas atividades com ” alternativas ” , com o passar das aulas conseguiu escrever palavras e até frases, com erro da grafia , eu achei normal..evolui as atividades para complete com palavras indicadas ..e ele se saiu bem apesar de não ler, pois tenho sempre que ler as atividades proposta ….e está tendo uma evolução gradativa, só na leitura tem uma grande dificuldade em guardar os sons pois tem problemas de fala..( faz fono), esse método q uso fere algum parâmetro do TEA?..pois a escola q trabalho acha q eu não devo mudar as atividades de marcar X, para outro tipo de atividades ..mesmo q ele evolua.

Olá Celimar, tudo bem?

Não há nenhum parâmetro do TEA que impeça a evolução do aluno em atividades mais complexas como a escrita de palavras e frases. Na verdade, a adaptação das atividades para o aluno com TEA é uma prática recomendada e importante para que ele possa desenvolver suas habilidades e competências.

É importante lembrar que cada aluno com TEA tem suas próprias necessidades e capacidades individuais, e que os métodos de ensino devem ser adaptados de acordo com essas características. Portanto, é fundamental que a escola e os professores estejam abertos a experimentar diferentes estratégias e atividades, sempre com o objetivo de estimular o aprendizado e o desenvolvimento do aluno com TEA.

Se o aluno está evoluindo e se adaptando a atividades mais complexas, como escrever palavras e frases, é um sinal positivo de que ele está se desenvolvendo e aprendendo. Por isso, é importante continuar oferecendo atividades desafiadoras, mas também adaptadas às necessidades e habilidades individuais do aluno.

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

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