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Qual a idade para diagnosticar a dislexia?

Nos últimos anos, houve um aumento na conscientização sobre o diagnóstico de dislexia em crianças em idade pré-escolar. Saiba mais, neste artigo.

De acordo com a definição da International Dyslexia Association, a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldades no reconhecimento e na decodificação de palavras e de ortografia. 

Essas dificuldades resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e em problemas de compreensão da leitura, o que pode impedir o aumento do vocabulário e do conhecimento prévio. 

A dislexia afeta crianças e adultos, sendo que os sintomas e a sua gravidade variam com a idade. No entanto, é mais frequentemente identificada na infância, quando os problemas de leitura se tornam aparentes pela primeira vez, ainda que muitos não sejam diagnosticados até a idade adulta.

Diagnóstico de dislexia

Antes de falarmos sobre a idade ideal para o diagnóstico de dislexia, é importante lembrar que a condição não está ligada à inteligência. Trata-se de um transtorno neurobiológico que afeta o processamento da linguagem.

Apesar de sua base biológica, a dislexia não pode ser diagnosticada com um simples exame. Para fazer o diagnóstico, os médicos analisam os resultados de uma série de testes de leitura e os sintomas relatados pelos pais ou professores da criança.

Idade ideal para o diagnóstico de dislexia

Os primeiros sinais de dislexia surgem por volta de 1 a 2 anos, quando as crianças aprendem a pronunciar sons. Aquelas que não falam as primeiras palavras até os 15 meses ou as primeiras frases até os 2 anos têm maior risco de desenvolver dislexia.

No entanto, nem todas as pessoas com atraso na fala desenvolvem dislexia e nem todas as pessoas com dislexia apresentam atraso na fala quando crianças. Um atraso na fala é apenas um sinal para os pais prestarem atenção ao desenvolvimento da linguagem de seus filhos.

Da mesma forma, as crianças com histórico de dificuldades de leitura na família devem ser observadas com mais atenção.

Outros sinais de alerta de dislexia que surgem antes dos 5 anos incluem:

  • dificuldade para aprender e lembrar os nomes das letras do alfabeto;
  • dificuldade para aprender a letra de versos infantis;
  • incapacidade de reconhecer as letras de seu próprio nome;
  • pronúncia ruim de palavras familiares ou linguagem infantil;
  • incapacidade de reconhecer padrões de rima.

No entanto, é por volta dos 5 ou 6 anos, quando as crianças começam a aprender a ler, que os sintomas da dislexia se tornam mais evidentes. Os sinais de dislexia nessa fase incluem:

  • dificuldade para entender que as palavras se dividem em sons;
  • erros de leitura 
  • histórico de pais ou irmãos com problemas de leitura;
  • considera a leitura muito difícil;
  • recusa em ir para a escola;
  • dificuldades na fala e na pronúncia;
  • não associar letras a sons.

As intervenções precoce para tratar os sintomas de dislexia, nessa fase, têm foco na consciência fonológica (som da palavra), no vocabulário e nas estratégias de leitura.

Sabemos que muitos professores não são treinados para reconhecer a dislexia, por isso, podem não reconhecê-la em seus alunos que participam das aulas e acabam não demonstrando seus problemas de leitura. 

Outros sinais de dislexia em crianças na fase de alfabetização incluem:

  • lentidão para aprender a ler;
  • leitura lenta e desajeitada;
  • dificuldade com novas palavras;
  • não gosta ou evita ler em voz alta;
  • vocabulário vago e inexato;
  • hesita para responder perguntas;
  • pronuncia incorreta de palavras longas, desconhecidas ou complicadas;
  • dificuldade para lembrar detalhes, como nomes e datas;
  • caligrafia confusa.

Sem diagnóstico precoce e tratamento adequado, a dislexia continua até a idade adulta. No entanto, algumas pessoas são capazes de melhorar naturalmente à medida que suas habilidades de aprendizagem se desenvolvem.

Tratamento para dislexia

Para crianças com dificuldades de aprendizagem, quanto mais cedo for a intervenção, melhor. Diante dos sinais de dislexia, os pais devem entrar em contato com a escola de seus filhos e conversar com o professor sobre suas observações. 

Caso o professor também reconheça os sinais de dislexia observados pelos pais, estes devem consultar o pediatra. O diagnóstico de dislexia é um processo lento, pois é preciso descartar outras possíveis causas para as dificuldades de leitura da criança. 

É possível que os pais precisem consultar outros especialistas como psicólogos, especialistas em dificuldades de aprendizagem; fonoaudiólogos, oftalmologistas e neurologistas para averiguar se há alguma condição que leve aos problemas apresentados.

Dessa forma, quando os pais perceberem sinais de dislexia em seus filhos, que começam com atrasos na fala, devem buscar orientação médica e especializada. Isso porque, quanto antes for realizado o diagnóstico, mais precoces também serão as intervenções e melhores os resultados do tratamento dos sintomas.

O tratamento precoce evita prejuízos emocionais que podem ser causados quando a dislexia não é reconhecida, como isolamento social, baixa auto estima, entre outros.

Se restou alguma dúvida sobre o diagnóstico de dislexia, deixe nos comentários.

Referências:

SIGNOR, Rita. Dislexia: uma análise histórica e social. Rev. bras. linguist. apl. [online]. 2015, vol.15, n.4 [cited  2021-01-11], pp.971-999.

RODRIGUES, Sônia das Dores  e  CIASCA, Sylvia Maria. Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervenção. Rev. psicopedag. [online]. 2016, vol.33, n.100 [citado  2021-01-11], pp. 86-97 .

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14 respostas em “Qual a idade para diagnosticar a dislexia?”

Se a criança foi diagnosticada com dislexia aos nove anos, a maneira de trabalhar com essa crianças seria a mesma q se utiliza no processo de alfabetização do primeiro ano

Muito bom este texto sobre dislexia, um problema que atrapalha o desenvolvimento da aprendizagem quando não descoberto a tempo para iniciar o tratamento na criança.

Tenho um sobrinho com muita dificuldade na escola, consegui alfabetizar bem tarde, dificuldade na leitura, interpretação e prefere ficar em casa sozinho, ele tem 12 anos, esse pode ser um caso de dislexia?

Excelente material e podera ajudar-me aqui em Angola no meu trabalho e ate divulgando para as familias que tenhem um descinhecimento totsl sobre deslixia. Muito obrigado equipe da Nrusaber

Excelente material e podera ajudar-me aqui em Angola no meu trabalho e ate divulgando para as familias que tenhem um desconhecimento total sobre deslixia.
Sou Psicopedagoga e Educadora Infantil.
Terminei um pos-graduacao de Analise de Comportamento Aplicada ABA
Muito obrigado equipe da Neusaber

O que acintece quando vc descobre que tem dislexia depois de velho, que é meu caso, descobri com 54 anos nunca consegui parar em emprego nenhum pela dificuldade que tenho no aprendizado, as pessoas não entendiam, eu ficava nervosa e saia. Melhorei alguns pontos mas ainda tenho muita dificuldade em outras coisa que exige muita atenção. Hoje preciso me aposentar, por não conseguir uma colocação porque não tenho esse laudo com nenhum profissional da área. Como posso fazer para conseguir esse laudo para me aposentar? Gratidão.

Olá Soraya, tudo bem?

Primeiramente obrigada pela confiança! Neste caso, orientamos buscar um especialista para lhe dar melhores informações.

Sol – Equipe NeuroSaber 💙

Com que idade se fecha o diagnóstico de dislexia, baseado na formação neurológica da criança?! O laudo da minha filha diz risco de dislexia. A escola pressiona quanto o fechamento do diagnóstico. Porém ela acabou de completar 7 anos. O diagnóstico deixa de ser risco e é fechado com que idade?

Olá Juliana, tudo bem?

Na maioria dos casos, os profissionais da área de saúde e educação esperam até que a criança esteja com cerca de 7 ou 8 anos para realizar uma avaliação completa e precisa. Isso ocorre porque algumas dificuldades de leitura e escrita podem ser consideradas normais durante os estágios iniciais de aprendizagem, e muitas crianças superam essas dificuldades com o tempo.

É importante lembrar que o diagnóstico de dislexia é baseado em uma avaliação abrangente, e não apenas em um laudo isolado. Portanto, é recomendado buscar uma avaliação completa e acompanhar o progresso da criança ao longo do tempo, para obter um diagnóstico mais preciso e ajudar a identificar possíveis estratégias de intervenção e suporte.

Jhulli, Equipe NeuroSaber 💙

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