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TDAH e Autismo: Transtornos diferentes que podem estar juntos

Quando uma criança em idade escolar não consegue se concentrar nas tarefas escolares, é preciso investigar as causas desse comportamento, que pode indicar a presença de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). 

Dificuldade em se concentrar no dever de casa, inquietação e incapacidade de fazer ou manter contato visual são sintomas de TDAH. Eles são os mais comuns dos transtornos do neurodesenvolvimento, no entanto podem indicar também a presença do TEA — Transtorno do Espectro Autista.

Antes de um diagnóstico de TDAH ser feito, vale a pena entender que TDAH e autismo podem ser confundidos, assim como podem estar juntos. Entenda melhor, neste artigo.

TDAH e autismo

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento e é dividido em três tipos: hiperativo-impulsivo; desatento ou a combinação dos dois. O tipo combinado é o mais comum, com sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

A idade média de diagnóstico é aos 7 anos e os meninos têm mais probabilidade de serem diagnosticados com TDAH do que as meninas. 

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição que afeta um número crescente de crianças. Os sintomas mais comuns afetam o comportamento, o desenvolvimento e a comunicação. 

Sintomas de TDAH e Autismo

Nos estágios iniciais, é comum que TDAH e TEA sejam confundidos um com o outro. Crianças com qualquer uma dessas condições podem ter problemas para se comunicar e se concentrar. Embora tenham algumas semelhanças, são duas condições distintas.

Quando eles ocorrem juntos

Uma das razões que faz com que os sintomas de TDAH e TEA sejam difíceis de distinguir um do outro é que podem ocorrer em simultâneo.

Nem todas as crianças podem ser diagnosticadas com clareza. O médico pode decidir que apenas um dos distúrbios é responsável pelos sintomas, mas em alguns casos, as crianças podem ter ambas as condições.

As crianças com TDAH e sintomas de TEA são mais propensas a ter dificuldades de aprendizagem e suas habilidades sociais são mais prejudicadas do que aquelas com apenas uma dessas condições.

Por muitos anos, os médicos hesitaram em diagnosticar uma criança com TDAH e TEA. Por essa razão, poucos estudos examinaram o impacto da combinação dessas doenças em crianças e adultos.

A American Psychiatric Association (APA) afirmou durante anos que as duas condições não podiam ser diagnosticadas na mesma pessoa. Em 2013, mudou o seu posicionamento na revisão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, (DSM-5), que afirma que as duas condições podem co-ocorrer.

Em uma revisão de 2014 de estudos que examinaram a co-ocorrência de TDAH e TEA, os pesquisadores descobriram que entre 30 a 50 por cento das pessoas com TEA também têm sintomas de TDAH. Os pesquisadores não entendem totalmente a causa de nenhuma das condições, nem porque eles ocorrem juntos, com tanta frequência.

Ambas as condições podem estar ligadas à genética, o que pode explicar porque essas condições costumam ocorrer na mesma pessoa. No entanto, mais pesquisas ainda são necessárias para entender melhor a conexão entre TDAH e TEA.

Recebendo o tratamento adequado

O primeiro passo para ajudar as crianças a receber o tratamento adequado é obter um diagnóstico correto. Pode ser necessário procurar um especialista em transtorno de comportamento infantil.

Muitos pediatras e clínicos gerais não têm treinamento especializado para entender a combinação dos sintomas e também podem deixar passar outra condição subjacente, o que complica o tratamento.

Gerenciar os sintomas do TDAH ajuda as crianças a controlar os sintomas do TEA. As técnicas comportamentais ajudam a diminuir os sintomas e é por isso que obter o diagnóstico e o tratamento adequados é tão vital.

A terapia comportamental é um possível tratamento para o TDAH e é recomendada como primeira linha de tratamento para crianças menores de 6 anos. Para as maiores de 6 anos, a terapia comportamental pode vir com o uso de medicamentos.

A terapia comportamental também é usada como um tratamento para TEA, assim como a medicação também pode ser prescrita para tratar os sintomas. Em pessoas que foram diagnosticadas com TEA e TDAH, medicamentos prescritos para sintomas de TDAH também podem reduzir alguns sintomas de TEA.

O médico pode precisar tentar vários tratamentos antes de encontrar um que gerencie os sintomas, ou pode haver vários métodos de tratamento usados simultaneamente.

TDAH e TEA são condições para a vida toda que podem ser gerenciadas com tratamentos adequados para cada caso. Muitas vezes será preciso experimentar vários tratamentos, e até mesmo incluir novos conforme a criança cresce e os sintomas evoluem.

Os cientistas continuam pesquisando a conexão entre essas duas condições. A pesquisa pode revelar mais informações sobre as causas e mais opções de tratamento. Um diagnóstico correto é essencial para receber um tratamento eficaz. Portanto, discuta todos os sintomas do seu filho com o seu médico para garantir um diagnóstico preciso. 

Se restou alguma dúvida sobre TDAH e autismo, deixe nos comentários.

Referências:

SEGENREICH, Daniel. Paulo Mattos. Atualização sobre comorbidade entre transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e transtornos invasivos do desenvolvimento (TID).

HAMAD, Ana Paula Andrade. Autismo e TDAH. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5045412/mod_resource/content/1/AUTISMO%20e%20TDAH%20aula%20Profa%20Ana%20Hamad.pdf

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16 respostas em “TDAH e Autismo: Transtornos diferentes que podem estar juntos”

Bom dia. Neste momento não tenho como ler com capricho e assimilar bem o conteúdo que, no primeiro momento sugere que se trata de material muito interessante. Lerei mais tarde, com tranquilidade. Grata Julia

Bom dia eu foi diagnosticado por uma pessoa com TDAH e mais tarde por outra com autismo leve. Porém eu realmente tenho alguns sintomas controverso aos dois. Eu não consigo me organizar e não consigo criar hábitos. Ao mesmo tempo eu tenho um problema que quando um assunto me chama atenção, minha concentração é tal que eu perco totalmente a percepção do que acontece a minha volta. Meu QI foi diagnosticado como acima da média. Se alguém puder me ajudar eu agradeço. Atualmente estou sendo tratado como autista, não acho isso ruim, apenas, lendo o artigo, pensei que talvez meu tratamento possa estar incompleto.

Minha filha tem 11 anos. Faz acompanhando desde 4 anos TDHA. E recentemente outra psicóloga está investigando o TEA. Os dois transtornos junto, por isso tenho imensa dificuldade de ajudar ela.

Fui diagnóstica com Tdah, mas apresento algumas comportamento do TEA, as vezes tenho fobias sociais e não gosto que toque ou me abrace, não costumo olhar nos olhos, fico muito desconfortável se alguém fica olhando para mim ou na minha direção, não consigo manter hábitos e rotina, sou muito desorganizada mas me estresso quando alguém tenta arrumar ou tira algo do lugar, tenho manias durante a alimentação, as vezes crio palavras ou falo palavras que não sei o que significa, tenho crises de ausência, tenho algumas visões e escuto e sinto cheiros pecebidos apenas por mim, odeio gritos e pessoas falando alto, eu me irrito ao vê alguém chorar mesmo que por do, sou um pouco grosseira com as palavras as vezes, adoro colocar as pessoas para fora, tenho facilidade para fazer amizade e dificuldade em manter-los.

Me descreveu. Venho tentando tirar algumas coisas dessas de mim, mas é super difícil. Quando penso que consegui, já estou eu novamente fazendo essas coisas. aff!

Bom dia. Vc não está sozinha. Eu estou perdida também para conseguir especialistas que possam tratar do meu filho. Com um QI altíssimo, está com 16 anos terminando o 3 ensino médio. Porém, agora as características afloraram de uma tal forma que ele tem constantemente crises de ansiedade e não quer pessoas por perto…. É muito difícil.
Tomara que vc encontre um tratamento que te ajude

Olá eu tenho repensado muita coisa da minha vida e umas das respostas que tenho encontrado junto com a psicóloga é que em muitos casos eu encontrei um jeito racional de burlar ou disfarçar meus comportamentos não suportados pela sociedade. Inclusive para mim mesmo encontrei mecanismos que muitas vezes não fazem sentido para outras pessoas mas que servem muito para mim. Tive de aprender quando devo chorar, quando devo sorrir, quando devo demonstrar afeição, etc. Até hoje ainda nao acerto em todas as situações. Mas como descobri que tenho muita curiosidade pelo que nao entendo, esse campo das emoções me fascina e foi meu jeito de me inteirar na sociedade para poder estudar de perto como funcionam esse lado das emoções e suas reações. Defendo muito de que o TEA não tira nossas emoções nos apenas não conseguimos expressar mas la dentro de nos as emoções existem e causam uma convulsão de sensações que não sabemos expressar.
O QI alta ajuda muito mas tem de saber direcionar para o que iremos usar. E por ser mais facil lidar com o já entedemos vamos para o lado mais lógico e deixamos aquilo que eh confuso, principalmente para quem tem TEA, que são áreas que lidam com emoções e coisas instintivas dentro de suas equações.
Nas no meu caso a minha curiosidade e o meu Qi tem me ajudado a encontrar padrões dentro do “caos”, mas tenho de confessar que passo por situações embaraçosas e desconfortantes. Uma das perguntas que me fiz por muito tempo enquanto era adolescente foi o que era o amor qual o seu significado. Porque dizer para mim que era um sentimento bom apenas, não era inteligível para mim.
Enfim, entender o mundo através do meu olhar foi importante para o meu futuro ter explicações sobre ações e reações. Aprender a sorrir e e chorar foi bom para aprender a lidar e saber que são modos de aliviar a tensão. Tira um pouco daquele bolo de sensações que fica se acumulando dentro da gente. E aprender a ler esses sentimentos me ajudou a saber mais ou menos quando falar, quando não falar elas e o que falar com elas. Não acerto sempre mas consigo conviver melhor com as pessoas.

Olá, Marly!

Agradecemos pela confiança em nosso trabalho!
Continue nos acompanhando para mais conteúdos úteis e didáticos.

Webster,
Equipe NeuroSaber 💙

Olá, Otilia

Que legal você querer ajudar e se aprofundar mais sobre o tema. Aqui você encontra muitos materiais e conteúdos acerca da temática. Confira nosso canal no Youtube NeuroSaber e temos muitos artigos aqui em nosso Blog. E fique sempre de olho em nossas redes sociais!

Agradecemos pela sua mensagem ☺

Webster,
Equipe NeuroSaber 💙

Muito bom texto, explica o comportamento do meu marido. Ele foi diagnosticado com TDAH depois de adulto e começou o tratamento, que o ajudou muito nas atividades diárias. Mas ele apresenta sintomas de autismo leve, como incômodo a sons, texturas, mudança na rotina, entre outros. Porém consegue lidar melhor com esses sintomas com o tratamento para o outro distúrbio.

Boa Noite,
Olá Elisa tudo bem?
Muito obrigado pelo comentário e pela confiança!
Vamos juntos! Um NeuroAbraço!!!!!
Solange,
Equipe NeuroSaber 💙

Bom dia.
É possível fazer avaliação neuropsicóloga em uma criança com 4 anos? Tem como esta avaliação identificar TEA ou TDAH?

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