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A Ciência por Trás do Aprendizado Multissensorial

No mundo da educação, as abordagens pedagógicas estão sempre evoluindo, e o aprendizado multissensorial vem sendo um destaque nessas abordagens. 

Mas o que exatamente é essa abordagem e qual é a ciência que a sustenta? 

Neste texto vamos entender esse tema intrigante e explorar como nossos sentidos desempenham um papel fundamental no processo de aprendizagem. Vamos lá?

O que é aprendizado Multissensorial?

O aprendizado multissensorial envolve a utilização de múltiplos sentidos – como visão, audição, tato e até mesmo o olfato e o paladar – para envolver os alunos em uma experiência de aprendizado mais rica e completa.

Além disso, essa abordagem reconhece que nosso cérebro não funciona isoladamente, mas sim como um sistema interconectado, onde diferentes áreas trabalham em conjunto para processar informações.

A ciência por trás do aprendizado multissensorial:

Ela baseia-se na compreensão de que, ao envolver mais de um sentido durante o aprendizado, aumentamos a probabilidade de que as informações sejam retidas na memória de longo prazo. Isso ocorre porque diferentes partes do cérebro estão ativadas quando recebemos informações de várias maneiras, criando conexões mais fortes e duradouras entre os neurônios.

Segundo o livro de Judy Willis, chamado “Estratégias Amigáveis ao Cérebro para a Sala de Aula de Inclusão”, houve um estudo interessante sobre aprender a fazer malabarismos. Os pesquisadores fizeram exames cerebrais em pessoas que praticaram malabarismos por algumas semanas. Eles viram algo incrível nas imagens cerebrais: mais conexões entre as células cerebrais e pequenas estruturas chamadas dendritos.

Portanto, isso é importante porque sugere algo muito legal. Se usarmos mais partes do nosso cérebro quando estamos aprendendo algo de uma maneira que usa muitos sentidos (como a aprendizagem multissensorial), podemos criar mais conexões cerebrais. Isso ajuda a lembrar das coisas melhor e a aprender mais rápido.

Aprendizagem multissensorial e plasticidade cerebral:

Além disso, a abordagem multissensorial também pode ajudar a atender às diversas necessidades de aprendizado dos alunos. Enquanto alguns alunos podem aprender melhor por meio da audição, outros podem se beneficiar mais da visualização ou da interação tátil. Essa flexibilidade na abordagem pedagógica pode criar um ambiente inclusivo e adaptável, permitindo que cada aluno alcance seu potencial máximo.

Em um mundo repleto de estímulos sensoriais, é empolgante entender como a ciência apoia a eficácia do aprendizado multissensorial. Ao reconhecer que nosso cérebro é altamente sensível à entrada de múltiplos sentidos, educadores podem otimizar suas estratégias de ensino e proporcionar uma experiência de aprendizado mais rica e envolvente. 

Essa abordagem não apenas aprimora a aquisição de conhecimento, mas também promove a retenção de informações de maneira duradoura. Portanto, ao abraçar a ciência por trás do aprendizado multissensorial, estamos investindo no desenvolvimento educacional holístico e proporcionando aos alunos uma jornada de aprendizado verdadeiramente impactante.

A Importância para Crianças Atípicas:

Para crianças atípicas, como aquelas com transtornos de aprendizagem ou autismo, o aprendizado multissensorial pode ser particularmente impactante. Essa abordagem considera suas diferentes formas de processar informações e oferece múltiplas maneiras de absorver conhecimento. 

Como a ciência por trás do aprendizado multissensorial baseia-se na compreensão da neuroplasticidade – a capacidade do cérebro de se adaptar e mudar com base nas experiências. Quando envolvemos múltiplos sentidos durante o aprendizado, diferentes regiões cerebrais são ativadas simultaneamente. 

Portanto, como os estímulos sensoriais ativam outras regiões, ela pode ajudar as crianças atípicas a superar barreiras de comunicação e proporcionar uma experiência mais rica e envolvente de aprendizado.

Em suma, o aprendizado multissensorial traz diversos benefícios, pois essa ativação simultânea cria conexões mais fortes entre os neurônios, o que aumenta a retenção de informações. 

Além disso, quando as experiências multissensoriais despertam emoções positivas, como curiosidade ou surpresa, o cérebro libera neurotransmissores como a dopamina, que fortalecem as conexões neurais e contribuem para uma memória duradoura. E isso explica por que lembramos com mais facilidade eventos que envolveram vários sentidos, como uma aula com demonstrações visuais e práticas. Dessa forma, ao adaptar as estratégias de ensino para envolver vários sentidos, os educadores podem criar um ambiente inclusivo e eficaz de aprendizado.


Referências:

 Willis, J. (2007). Estratégias amigas do cérebro para a sala de aula de inclusão: percepções de um neurologista e professor de sala de aula .

Michael, J. Crosse et al. Resolution of impaired multisensory processing in autism and the cost of switching sensory modality. Communications Biology. vol. 5 .Article number: 601 (2022)- https://www.nature.com/articles/s42003-022-03519-1- Acesso em 31/08/2023.

HYMAN, S. L.; LEVI, S. E.; MYERS S. M.; COUNCIL ON CHILDREN WITH DISABILITIES, SECTION ON DEVELOPMENTAL AND BEHAVIORAL PEDIATRICS. Identification, Evaluation, and Management of Children With Autism Spectrum Disorder. Pediatrics, v.145, n1. 2020.

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