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A criança autista: limitações e habilidades.

Entender as dificuldades do autismo é o primeiro passo para identificar quais os estímulos necessários ao desenvolvimento das crianças.

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O trabalho com múltiplos profissionais auxilia o desenvolvimento da criança autista.

Quando falamos em Transtorno do Espectro Autista (TEA), é comum a associação com algumas características e comportamentos, como as estereotipias motoras (movimentos corporais que sinalizam uma crise de ansiedade, por exemplo) ou a ideia alguém hiper focado em assuntos peculiares. Mas será que todas correspondem à realidade?

Antes de mais nada, é preciso sinalizar que cada pessoa é única e o autismo, um transtorno de desenvolvimento com inúmeras formas de manifestação – por isso, utiliza-se o termo “espectro”. Assim, pessoas autistas terão graus de desenvolvimento, dificuldades e necessidades diferentes. 

No entanto, algumas características são comuns dentro do espectro, já que o autismo afeta principalmente a comunicação e a linguagem. Um dos mitos que rondam o transtorno é sobre o diagnóstico: ao contrário do que muitos acreditam, é possível perceber os sintomas e iniciar terapias e tratamentos a partir dos 16 meses de vida, graças ao avanço das pesquisas e evidências científicas atuais.

Esse conhecimento e diagnóstico precoce farão toda a diferença na condução do tratamento, que é realizado por vários profissionais como psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, etc.

Caso seu filho ou algum aluno receba o diagnóstico, buscar informação é o melhor a se fazer no primeiro momento. Para acolher essa criança da melhor forma possível, é preciso entender quais são suas principais limitações e quais habilidades deverão ser trabalhadas.

Limitações

Como o autismo atinge principalmente a comunicação e a linguagem, essas dificuldades serão mais visíveis no desenvolvimento das habilidades sociais, dificuldades na fala, linguagem, comunicação não verbal e comportamento inflexível, por exemplo.

Expressar o que pensam e sentem pode ser uma barreira de relacionamento para os autistas. Entre as crianças, essa limitação aparece na dificuldade de brincar com seus pares, identificar a função dos brinquedos ou entender as regras de um jogo, por exemplo.

É comum que autistas tenham algum grau de hipersensibilidade à luz, ao barulho, a cores muito vivas, a locais com muitas pessoas – como a escola. Isso pode limitar ou dificultar o início da vida escolar e pede compreensão dos pais e diálogo com educadores para adaptações no ambiente a fim de que elas sejam incluídas em atividades de grupo ou na vida acadêmica.

O apego a rotinas rígidas também é uma característica clássica do autista, tornando difícil a adaptação a qualquer mudança de agenda, de ambiente ou em seu ritual diário. Mínimos detalhes, como pegar um caminho diferente para o colégio, pode disparar uma crise. 

O desenvolvimento cognitivo e motor também terá um desenvolvimento atípico, sendo diferente de acordo com o nível de autismo – sendo os mais leves menos passíveis de grandes atrasos e os níveis mais severos acompanhados de dificuldades maiores.  

Amparados por bons profissionais e com apoio dos pais, as crianças autistas podem desenvolver habilidades essenciais para terem progresso e, inclusive, descobrirem interesses e atividades de sua preferência. Saiba quais as principais habilidades a serem estimuladas nas crianças autistas.Habilidades Sociais

Habilidades Sociais

As habilidades sociais podem ser treinadas e um profissional habilitado poderá conduzir a criança por meio de brincadeiras, encenação, uso de suporte visual, etc.

Entre as principais habilidades sociais a serem desenvolvidas com as crianças estão:

  • conversação: entender como funciona um diálogo, a hora de cada um falar, o uso da linguagem corporal;
  • empatia e expressão dos sentimentos: aprender a expressar sentimentos negativos e positivos,  reconhecer as emoções, controlar a ansiedade (de acordo com o nível de cada um), reconhecer como os outros se sentem (empatia) e a gerenciar as próprias emoções;
  • brincar: entender como participar dos jogos, entender as regras, aprender a compartilhar e interagir, se aproximar de outras crianças;
  • vida acadêmica: aprender a trabalhar em grupo, a cooperar, a ouvir e seguir instruções, prestar atenção, esperar sua vez, etc.

Habilidades Motoras

A psicomotricidade aparece como importante ferramenta para auxiliar crianças autistas no desenvolvimento físico, mental e afetivo das crianças. Ela proporciona uma melhora significativa nas habilidades psicomotoras e na comunicação nas crianças com autismo.

Existem vários níveis de TEA e necessidades individuais diversas. Estimular as habilidades motoras pois melhora a estrutura motora, sensorial e também da linguagem.

Habilidades de Leitura e Escrita

A alfabetização das crianças autistas requer trabalho multidisciplinar entre os pedagogos da escola, fonoaudiólogos, neuropsicólogos, terapeutas, entre outros. Incentivar o desenvolvimento dessas habilidades possibilita que ela se insira na sociedade e desenvolva as habilidades de linguagem necessárias para aprimorar sua comunicação – uma das áreas mais afetadas em pessoas com TEA.

De acordo com as evidências científicas, a metodologia fônica é uma das formas mais recomendadas para alfabetizar crianças com autismo ou outros transtornos de aprendizagem. 

Em casa, os pais podem praticar a Leitura em Voz Alta, usar canções com rima e conversar bastante com as crianças, mantendo-a inserida em um ambiente propício para o desenvolvimento da linguagem, de acordo com suas possibilidades e limitações.

Assim como qualquer ser humano em desenvolvimento, as crianças autistas precisam de estímulo e apoio. As limitações podem existir, mas com incentivo dos pais e dos educadores, é possível superá-las e aprender a conviver da melhor forma com suas próprias características.

REFERÊNCIAS:

SILVA, Micheline  and  MULICK, James A.. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações práticas. Psicol. cienc. prof. [online]. 2009, vol.29, n.1 [cited  2020-10-01], pp.116-131

ZANON, Regina, BACKES, Barbara e BOSA, Cleonice. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Março/2014.

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