A comunicação verbal para as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um grande desafio. Elas podem demorar para desenvolver a fala, não falar ou ter dificuldades para compreender a linguagem falada.
As crianças com TEA, muitas vezes, não entendem que a comunicação verbal é um processo bidirecional com contato visual, expressões faciais, gestos e palavras. É preciso considerar esse aspecto para ajudá-las a desenvolver habilidades linguísticas.
Algumas crianças com TEA desenvolvem uma boa fala, mas podem ter dificuldade em saber como usar a linguagem para se comunicar com outras pessoas. A comunicação verbal é importante também para outras áreas de desenvolvimento infantil, como comportamento e aprendizagem.
A comunicação verbal no Transtorno do Espectro Autista
Muitas vezes, as crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) não sabem como usar a linguagem da mesma forma que as crianças neuro típicas. Ainda que muitas sejam capazes de usar palavras e estratégias verbais para se comunicar e interagir, podem também usar a linguagem de uma maneira singular.
Por exemplo, a ecolalia — imitação e repetição de palavras ou frases — é comum em crianças com TEA. Além disso, elas podem usar palavras inventadas (neologismos); falar a mesma palavra repetidamente; confundir pronomes e se referirem a si mesmos em terceira pessoa.
Todos esses aspectos são tentativas de fazer alguma comunicação acontecer, mas nem sempre funcionam, pois aspessoas podem não entender o que as crianças estão tentando dizer.
Por exemplo, as crianças com ecolalia podem aprender a falar repetindo frases que associam a situações ou estados emocionais, aprendendo o significado dessas frases ao descobrir como funcionam.
Com o tempo, podem desenvolver esses princípios e aprender a usar a linguagem e se comunicar com as pessoas de uma forma mais efetiva.
As formas de comunicação não verbal incluem:
- manipular fisicamente uma pessoa ou objeto — por exemplo, pegar a mão de uma pessoa e empurrá-la em direção a algo que a criança deseja;
- apontar, mostrar e mudar o olhar — por exemplo, uma criança olha ou aponta para algo que deseja e, em seguida, muda o olhar para outra pessoa, permitindo que essa pessoa saiba que ela deseja o objeto;
- usar objetos — por exemplo, a criança entrega um objeto para outra pessoa se comunicar.
As crianças com TEA podem ter comportamentos repetitivos e estereotipados, que podem ser uma via ou tentativa de comunicação. Acessos de raiva e agressividade podem ser a maneira da criança tentar dizer que precisa de algo, que não está feliz, que está confusa ou assustada.
A comunicação verbal e o desenvolvimento infantil
As crianças aprendem a se comunicar para interagir com o outro e para expressar seus sentimentos e desejos. No entanto, essa forma de comunicação difere em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Primeiro, as crianças usam a comunicação para controlar o comportamento de outra pessoa, para pedir algo, protestar ou para satisfazer necessidades físicas.
Em seguida, vem a comunicação para obter ou manter a atenção de alguém — por exemplo, uma criança pode pedir para ser consolada, dizer olá ou até mesmo se exibir.
Por último, e mais difícil, estão as habilidades de comunicação que as crianças precisam para direcionar a atenção de outra pessoa para um objeto ou por razões sociais.
Trabalhando a comunicação passo a passo
Para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a comunicação se desenvolve passo a passo, por isso é importante trabalhar isso com elas.
Por exemplo, se chorar na cozinha é a única maneira dela pedir comida, pode ser muito difícil para tentar ensiná-la a dizer “comida” ou “fome”. Em vez disso, os pais podem tentar desenvolver habilidades que estão a apenas um passo da capacidade atual da criança, como por exemplo, alcançar ou apontar para a comida que ela deseja. Assim que ela começar a estender a mão ou apontar, os pais podem tentar obter contato visual.
Aproveitando ao máximo as tentativas de comunicação das crianças
A comunicação das crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser estimulada com algumas simples ações, tais como:
- Usar frases curtas — por exemplo, “Vestir camisa”.
- Usar uma linguagem concreta, clara e direta.
- Exagerar o tom de voz quando quiser enfatizar uma mensagem — por exemplo, ‘Essa água está MUITO quente’.
- Fazer perguntas que precisam de uma resposta objetiva — por exemplo, “Você quer uma salsicha?” Se você sabe que a resposta é sim, pode balançar a cabeça.
- Dar o tempo necessário para a criança responder às perguntas.
- Estimular o contato visual, que é parte fundamental da comunicação não verbal, pois ajuda em outras formas de comunicação, como ser capaz de notar as expressões faciais de outra pessoa e levar a emoção em consideração na hora de comunicar.
Se restou alguma dúvida sobre a comunicação verbal no autismo, deixe nos comentários.
Referências:
AMATO, Cibelle Albuquerque de la Higuera and FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. O uso interativo da comunicação em crianças autistas verbais e não verbais. Pró-Fono R. Atual. Cient. [online]. 2010, vol.22, n.4 [cited 2020-12-24], pp.373-378.
Leticia Segeren, Fernanda Dreux Miranda Fernandes. Correlação entre a oralidade de crianças com distúrbios do espectro do autismo e o nível de estresse de seus pais.
3 respostas em “Autismo: desenvolvimento da comunicação verbal”
Muito bom!!! E sobre os PECs vcs teriam algum texto explicativo ensinando a utilizar esse método?
Gostei muito do artigo , será muito benéfico para meus estudos.
Muito interessante esse artigo fez me lembrar de um garotinho que conheci