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3 º Imersão Decifrando o Autismo

Dando início ao mês da conscientização do autismo, a III Imersão Decifrando o Autismo realizada no último domingo (2), Luciana Brites, CEO e pedagoga da Neurosaber, e a Profa. Ms. Roselaine Pontes de Almeida, exploraram as nuances do Transtorno do Espectro Autista (TEA), suas características e novos dados sobre sua prevalência por meio das pesquisas mais recentes.

“Os dias de conscientização servem para pararmos e refletirmos a fim de levar a questão da inclusão mais adiante, além do que temos visto.”- Lu Brites

Além disso, ao longo do evento, foi discutido sobre o TEA, como podemos ajudar as pessoas que vivem com esse transtorno e ainda tiveram momentos marcantes como a homenagem ao Dr. Clay Brites. Continue lendo para saber mais sobre a terceira edição da imersão!

Tudo o que você precisa saber sobre o decifrando autismo:

Durante a imersão, foi possível ver as características únicas do TEA em cada indivíduo e desmistificar alguns pontos sobre o tema. Sendo um exemplo disso, o mito de que “Há cura para o TEA”, é uma afirmação incorreta, pois ele é classificado como um transtorno, ou seja, possui origem neurobiológica e acompanha a pessoa a vida inteira – esclareceu Luciana Brites. 

Além disso, por ser um espectro, existem pessoas com características variadas, e por isso é necessário um diagnóstico precoce.

“A imersão Decifrando o Autismo é uma atualização com base nas pesquisas mais recentes, para basearmos a nossa discussão, reflexão e prática na neurociência com as pessoas com TEA dentro e fora da escola.” – Profa. Ms. Roselaine Pontes de Almeida.

Portanto, com a intervenção na inclusão escolar e tantos outros tratamentos e recursos, é possível que a pessoa desenvolva novas habilidades e conquiste um desenvolvimento dentro do esperado.

Para demonstrar diretamente essa gama de variações, foi trazido para o debate o novo símbolo do TEA, o infinito colorido construído pela comunidade autista, para fazer menção a variação das condições, dos espectros e das infinitas possibilidades de desenvolvimento, aprendizagem e de vida que cada pessoa possui dentro do espectro.

Prevalência do TEA: Brasil e EUA

Segundo as estatísticas divulgadas pelo órgão de saúde Centers for Disease Control and Prevention (CDC), feita com base de dados de 2020 (crianças nascidas em 2012, de 11 comunidades diferentes em 11 estados dos EUA, da rede de Monitoramento do Autismo e Deficiências do Desenvolvimento), mostrou que 1 em cada 36 crianças tem autismo nos EUA (2,8% da população).

 3 º Imersão Decifrando o Autismo
Imersão decifrando o autismo: prevalência nos EUA

Em contrapartida, quando falamos sobre o TEA no Brasil, não há números oficiais de prevalência. Sendo o último estudo feito em 2011 em Atibaia-SP. Porém, podemos falar proporcionalmente com base no estudo do CDC, que no Brasil seriam cerca de 5.9 milhões de pessoas com TEA.

Por que a prevalência do TEA aumentou?

Pensando no diagnóstico, temos uma prevalência aumentada, onde muitos têm questionado isso com perguntas do tipo “o TEA está na moda?” “Temos uma epidemia de autismo?”

Porém, não se trata disso, a pandemia contribuiu com a diminuição dos diagnósticos, porque em sua maioria eles são normalmente feitos pela escola, através da percepção dos professores, e como as crianças ficaram quase dois anos fora da escola, muitas tiveram o seu diagnóstico precoce interrompido.

Além disso, os diagnósticos do TEA aumentaram por conta da união dos seguintes fatores adicionais: a conscientização sobre o autismo, profissionais mais capacitados, instrumentos mais sensíveis para avaliação, melhor triagem e diagnóstico, mais acessos a serviços, dentre outros.

Nos últimos anos, o diagnóstico sofreu algumas alterações principalmente pela disseminação de informações incorretas e generalistas sobre o TEA, como, por exemplo, o fato de que os autistas não gostam de contato físico. A verdade é que essa característica não está presente em 100% dos casos e hoje temos uma nova nomenclatura para pensar essa variabilidade. O espectro era classificado como autismo leve, moderado e severo, e atualmente chamamos de autismo nível de suporte 1, nível de suporte 2 e nível de suporte 3.

O legado do Dr. Clay Brites:

O Dr. Clay Brites foi, e ainda é, referência no diagnóstico e abordagem terapêutica de TDAH, TOD e autismo e nomenclaturas associadas ao transtorno intelectual.

Em toda a sua trajetória, foram inúmeros livros, ações e artigos publicados com intuito de desmistificar os transtornos e de dar fácil acesso para a comunidade atípica.

Em seus trabalhos, o Dr. Clay Brites contou com um lançamento em 2021 do livro ‘Como lidar com mentes a mil por hora’, (Editora Gente), que veio para auxiliar as pessoas a entenderem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Ele Também foi coautor de ‘Mentes Únicas’, escrito com sua esposa, Luciana Brites, CEO, pedagoga da Neurosaber, especialista em distúrbios do desenvolvimento e em psicomotricidade.

Dentre os seus trabalhos anteriores, ele também foi autor dos livros Como saber do que seu filho realmente precisa? (2018), Como saber do que o seu filho realmente precisa? (2018), e Crianças desafiadoras (2019).

É notório como o Dr. Clay amava o que fazia e o quanto ele se dedicava, não só pelos seus pacientes, como também pela comunidade atípica de modo geral. Foram inúmeras mensagens de conforto para a Lu Brites e para os seus filhos, e com um pesar enorme no coração, mas também com um ar de esperança, a mesma que o Dr. Clay sempre colocou em seus projetos.

O seu legado continuará mudando a vida de muitas crianças e pessoas, nós da Neurosaber estamos comprometidos a continuar levando informações com base científica para todos.

Decifrando o autismo: Uma questão de saúde pública

O Dr. Clay Brites, especialista no assunto e reconhecido em todo o Brasil como uma referência em diagnóstico de TEA, enfatizou durante toda sua carreira que o transtorno é uma questão de saúde pública. Isso porque as condições de vida social que vivenciamos atualmente influenciam o número de prevalência e requerem um conjunto de ações e atuação intersetorial para uma inclusão correta do direito dessas pessoas e crianças possa acontecer.

Ademais, temos condições favoráveis e de risco relacionadas a nossa forma de vida, aos alimentos que consumimos, a sobrevida das crianças que antes não tinham possibilidades quando nascem prematuras, a questão da idade materna e paterna, etc. 

Pesquisas recentes como o artigo Broad transcriptomic dysregulation occurs across the cerebral cortex in ASD da Universidade da Califórnia, traz informações sobre as alterações do TEA, que antes eram vistas apenas na linguagem e no comportamento social, mas que agora é constatado que pessoas com TEA podem ser afetadas em até 11 regiões do córtex cerebral. Ou seja, essas alterações são generalizadas em todos os lugares em que se tem o processamento cognitivo.

Em suma, a Imersão Decifrando o Autismo veio para trazer, mais uma vez, conhecimento e a reflexão de que é preciso estar atento a todo um conjunto de características que a criança ou adulto pode ter, observar se esse comportamento acontece em diferentes ambientes, diferentes situações e se traz impacto para a pessoa.

Essas análises e informações fazem toda a diferença para uma vida de qualidade, evidenciando que diagnóstico precoce é capaz de oferecer suporte e apoio tanto no ambiente escolar como fora dele, através do tratamento multidisciplinar.

Durante a semana também compartilhamos nas redes sociais publicações relevantes sobre o tema. Confira abaixo, clicando na imagem, e aproveite para nos seguir e receber esse conteúdo com facilidade.
Neuro_Insta_Blog_28.03.2023_01 3 º Imersão Decifrando o Autismo
Instagram Neurosaber

Como um presente aos espectadores da live, disponibilizamos gratuitamente três conteúdos especiais que você também pode aproveitar! Assista a aula ao vivo e acesse cada um na descrição do vídeo.

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2 respostas em “3 º Imersão Decifrando o Autismo”

Boa noite! Vi um vídeo na RUMBLE no qual médicos americanos apontam a VACINA TRÍPLICE como causadora de AUTISMO. Gostaria muuuiito de saber a opinião de vocês.

Olá Lindalva, tudo bem?

Não há evidências científicas que comprovem a relação entre a vacina tríplice (que inclui a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola) e o autismo. Essa teoria foi levantada por um estudo já desacreditado, publicado em 1998 pelo médico britânico Andrew Wakefield, que teve sua licença médica cassada por fraude científica. Desde então, inúmeros estudos foram realizados em todo o mundo para investigar essa suposta relação e todos eles mostraram que não há nenhuma evidência de que a vacinação cause autismo.

É importante ressaltar que a vacinação é extremamente importante para a saúde pública e é uma das medidas mais eficazes para prevenir doenças graves e potencialmente fatais. As vacinas passam por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem disponibilizadas para a população, e a vacina tríplice é amplamente recomendada e utilizada em todo o mundo.

Portanto, é importante confiar em fontes confiáveis e baseadas em evidências científicas ao buscar informações sobre vacinas e saúde pública. Se você tiver dúvidas ou preocupações sobre vacinação, é sempre recomendável conversar com um profissional de saúde qualificado, que possa lhe fornecer informações precisas e atualizadas.

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

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