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Seis dicas poderosas para ensinar matemática às crianças autistas.

Estratégias personalizadas auxiliam autistas a dominarem os conceitos matemáticos.

Um dos maiores desafios aos educadores e profissionais que acompanham as crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a variabilidade de perfis funcionais e cognitivos, uma vez que cada indivíduo apresentará o espectro de uma forma, com necessidades e características individuais que precisam ser levadas em conta nas estratégias terapêuticas e intervenção. Assim como em outras áreas, o desenvolvimento das habilidades e conhecimentos necessários para o desempenho em Matemática também é diverso, o que constitui um desafio aos professores dessa disciplina.

Por conta disso, embora alguns estudos demonstram que crianças autistas podem ter capacidades matemáticas até mesmo superiores que a média, ao mesmo tempo esse grupo de estudantes poderão enfrentar desafios específicos relacionados sobretudo à compreensão de conceitos matemáticos e suas aplicações no dia a dia; e também no desenvolvimento de raciocínio e resolução de problemas.

ENSINO PERSONALIZADO

Uma das chaves para o sucesso no ensino – e consequente aprendizagem – da matemática é desenvolver materiais específicos, inovar na criação de materiais e ter usar a criatividade na hora de ensinar. Educadores, terapeutas e pais podem utilizar auxílios visuais e os interesses individuais das crianças voltados para a matemática.  

Vale destacar que assim como há vários espectros do transtorno, há diversas possibilidades para ensinar e não há uma fórmula única que seja eficaz com todas as crianças autistas, devido justamente a essa diversidade. A observação e conhecimento do educador e dos pais é fundamental no acompanhamento da criança para entender suas limitações e a melhor estratégia a ser utilizada.

ATIVIDADES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA

A partir dessa análise de cada estudante, é possível utilizar algumas dessas estratégias para auxiliar na aprendizagem da matemática:

  • Utilize os interesses da criança no TEA para ensinar: Caso a criança apresente dificuldade em aprender os conceitos matemáticos, tome um tempo para observá-la e crie uma estratégia personalizada, aliando ao ensino seus interesses, capacidades e levando em conta o seu desempenho. Cada criança terá um perfil individual de acordo com seu desenvolvimento, idade e espectro em que está inserida.
  • Invista em suportes visuais e textuais simples: Elabore os enunciados das atividades de maneira direta, curta e explícita para que as crianças autistas consigam memorizar e desenvolver o raciocínio para resolução. Mais uma vez, o universo da criança é um aliado: nomes, símbolos, expressões familiares devem ser utilizados na elaboração das atividades, assim como ilustrações e outros suportes para apresentar o conteúdo: texto, imagens, vídeos, etc.
  • Crie uma rotina de estudo: De acordo com os especialistas, crianças autistas tem maior tendência a preferirem uma rotina previsível e sistematizada. Invista em um plano de trabalho que a auxilia na criação de uma rotina de estudos, com atividades voltadas à aplicação dos seus conhecimentos de matemática; a consistência e a repetição a ajudará a consolidar os conhecimentos adquiridos.
  • Divida as tarefas em etapas menores: inicie as atividades apresentando à criança uma lista com as atividades a serem realizadas. Essa é uma forma de dar mais estrutura para que ela realize as atividades propostas. A cada etapa finalizada, o educador junto com a criança podem conferir a lista e assinalar o que já foi feito. Dessa forma, a criança consegue se concentrar nos detalhes daquela parte da operação. Não esqueça de incluir na lista os momentos de pausa, importantes para que as crianças aprendam a autorregular suas emoções e comportamento – relaxar depois de uma atividade difícil, por exemplo.
  • Dê feedbacks e elogie o progresso: a estratégia de instrução explícita inclui a sinalização de possíveis erros, análise das etapas e a confirmação dos acertos. Essa atitude auxilia a criança a compreender cada etapa de uma atividade e na resolução de um problema matemático.
  • Utilize manipuláveis: embora tenham comprometimento no desenvolvimento da linguagem, crianças no TEA possuem geralmente bom processamento visual. Utilizar estratégias visuais e objetos manipuláveis ajuda a visualizar, de forma concreta, alguns conceitos matemáticos. Por exemplo: peças de Lego para trabalhar as operações matemáticas.

Cada uma dessas estratégias deve ser adaptada ao contexto e de desenvolvimento de cada criança, intensificando o nível de dificuldade passo a passo. Estas ideias podem ser utilizadas desde a Educação Infantil, quando a Numeracia começa a ser trabalhada.

REFERÊNCIAS:

Patterson DR, Hicks SC. Teaching Math Vocabulary in Small Groups to Youth With Autism. TEACHING Exceptional Children. 2020;52(6):372-380.

Su, H. , Lai, L. & Rivera, H. (2010). Using an Exploratory Approach to Help Children with Autism Learn Mathematics. Creative Education, 1, 149-153. 

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