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TEA em meninas e mulheres – sintomas

Muitos leitores enviam seus relatos e dúvidas, em nossos canais de comunicação, acerca do autismo em mulheres. O questionamento é sobre o quadro sintomático do Transtorno do Espectro Autista (TEA) na população feminina, tendo em vista que a incidência tende a ser maior em meninos. Como resultado, os leitores podem desconhecer o que se passa na vida de uma mulher diagnosticada com TEA.

Entretanto, o autismo em meninas é uma realidade que precisa ser abordada, uma vez que as pacientes também enfrentam enormes desafios do dia a dia. É verdade que pode haver diferenças sutis entre os sintomas manifestados por elas em detrimento dos rapazes, mas esses detalhes podem passar despercebidos por uma maioria considerável das pessoas e, com isso, as meninas que convivem com TEA estão sujeitas à incompreensão em determinados momentos da vida social.

Quais são os principais sintomas do autismo em mulheres?

Os sintomas do autismo em meninas são muitas vezes relegados por conta de outros comportamentos enxergados como naturais. A consequência disso é que ao longo do tempo um número acentuado de mulheres com TEA passou por uma invisibilidade. As principais características envolvem, na maioria das vezes, os seguintes aspectos:

– São retraídas;

– Tendem a ser mais passivas nas relações sociais;

– Tendem a ser mais comportadas;

– Tendem a ser mais deprimidas;

– Procuram não se envolver tanto em situações que vivenciam;

– Tendem a ser aficcionadas em temas específicos (mas que não estão ligados à tecnologia ou ao ramos das exatas);

– Tendem a se esforçar mais para se adequarem aos padrões;

– Tendem a ser menos isoladas que os meninos.

Estudo feito no Reino Unido indica que 23% das mulheres hospitalizadas com quadro de anorexia se encaixavam nos critérios diagnósticos para o Transtorno do Espectro Autista.

Autismo em mulheres: elas camuflam os sinais característicos

É interessante notar que a situação de mulheres com autismo tende a ser particularmente diferente do que é notado nos homens. Estudo divulgado pelo PROGENE, grupo vinculado ao Centro de Pesquisas sobre o genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CELL), do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), revela que sucessivos levantamentos realizados por especialistas constataram que as meninas tendem a ‘camuflar’ os seus sinais de autismo.

Essa atitude pode explicar o motivo de haver um número acentuado de meninos diagnosticados em relação às mulheres (lembrando que existem fatores genéticos e neurobiológicos que levam a esse cenário, mas a referência em questão é sobre os possíveis casos subnotificados e não à causa em si).

O autismo em mulheres tem as suas nuances em função de tal camuflagem. Um detalhe é que esse comportamento de se camuflar está associado somente aos casos em que as pacientes comprovaram ter um alto quociente de inteligência (Q.I). As meninas conseguem disfarçar em alguns momentos os sintomas, por isso muitas delas conseguem estabelecer uma vida relativamente normal, seja no trabalho, nos estudos e na vida pessoal. Entretanto, os quadros de estresse acentuado, exaustão física e ansiedade extrema são observados em grande parte dessas pessoas.

A taxa de incidência do autismo e a prevalência

De acordo com levantamentos, a estimativa da prevalência do autismo é de 62 para cada 10 mil (ZANON et al. 2014). Estudos realizados constatam que a proporção de incidência do TEA é quatro vezes maior em meninos em detrimento das meninas. O autismo em mulheres vem sendo pesquisado diante de um número que pode ser mais elevado do que já registrado.

É verdade que o número de registros tende a aumentar em função da “recente ampliação dos critérios diagnósticos, permitindo, assim, que maior gama de casos (com perfis desenvolvimentais mais variados) seja incluída dentro do espectro” (SILVA; MULICK, 2009).

 

Referências

AUTISMO em mulheres: os custos da camuflagem do autismo. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em: http://progene.ib.usp.br/autismo-em-mulheres-os-custos-da-camuflagem-do-autismo/. Acesso em: 11 mar. 2020.

ONTIVEROS, Eva; HEREDIA, Lourdes. Dia mundial do autismo: meninas autistas podem estar deixando de receber tratamento por falta de diagnóstico correto. BBC. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47779342. Acesso em: 11 mar. 2020.

SILVA, Micheline; MULICK, James A. Diagnosticando o transtorno autista: aspectos fundamentais e considerações práticas. Psicologia: ciência e educação, Brasília, v. 29, n. 1, 2009.

ZANON, Regina Basso et al. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psicologia: teoria e pesquisa, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p. 25-33, jan./mar. 2014.

 

 

 

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