Voltar

Como é o Desenvolvimento da Linguagem no Autismo?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que causa dificuldades na interação social, na comunicação e comportamentos repetitivos e restritos. 

Geralmente, os primeiros sinais de TEA aparecem no início do desenvolvimento, por volta dos 12 aos 18 meses, ou antes. As crianças com TEA parecem viver em um mundo particular, com capacidade limitada de se comunicar e interagir uns com os outros. 

Elas podem ter dificuldade em desenvolver habilidades de linguagem e entender o que os outros estão dizendo. Também costumam ter dificuldade para se comunicar de forma não verbal, por gestos, contato visual e expressões faciais.

Entenda melhor o desenvolvimento da linguagem no autismo, neste artigo.

Desenvolvimento da Linguagem no Autismo

A capacidade das crianças com TEA de se comunicar e usar a linguagem depende do seu desenvolvimento intelectual e social. Algumas podem não ser capazes de se comunicar usando a fala, e outras podem ter habilidades de linguagem muito limitadas. 

No entanto, algumas crianças com autismo podem ter vocabulário rico e falar sobre assuntos específicos com alto nível de detalhe. Outras, têm problemas com o significado e o ritmo das palavras e frases ou em compreender a linguagem corporal e os significados dos diferentes tons vocais. 

Todas essas dificuldades afetam a capacidade das crianças com autismo de interagir, especialmente com seus pares de idade.

Abaixo estão alguns padrões do uso da linguagem e comportamentos presentes no TEA.

Linguagem repetitiva ou restrita

As crianças com autismo podem falar coisas que não têm significado aparente ou que não se relacionam com a conversa do momento. Podem também repetir palavras que ouviram, uma condição chamada ecolalia. 

A ecolalia imediata ocorre quando a criança repete as palavras que alguém acabou de dizer e a ecolalia retardada, quando ela repete palavras ouvidas anteriormente. 

Desenvolvimento desigual da linguagem 

Muitas crianças com TEA desenvolvem habilidades de fala e linguagem, mas o seu progresso é irregular. Por exemplo, elas podem desenvolver um vocabulário rico em uma área de interesse ou serem capazes de ler palavras antes dos cinco anos, ainda que não compreendam o que leram.

Pode acontecer ainda que não respondam à fala dos outros, nem mesmo quando a chamam pelo nome.

Poucas habilidades de linguagem não verbal

Crianças com TEA geralmente são incapazes de usar gestos — como apontar para um objeto — para dar significado à sua fala. Também evitam o contato visual, o que pode fazer com que pareçam rudes, desinteressadas ​​ou desatentas. 

Sem o uso de gestos ou de outras habilidades não-verbais para aprimorar a linguagem oral, muitas crianças com TEA ficam frustradas em suas tentativas de expressar seus sentimentos, pensamentos e necessidades. Dessa forma, podem expressar suas frustrações através de explosões vocais ou outros comportamentos inapropriados.

Diferenças no desenvolvimento da linguagem no autismo

A interação social e a comunicação são os maiores desafios para as pessoas com autismo. Muitas crianças podem demorar para desenvolver a linguagem, não desenvolver a fala ou ter grande dificuldade para entender ou usar a comunicação verbal e não verbal.

Geralmente, tendem a se comunicar para pedir algo e não por motivos sociais, como para compartilhar informações. Também costumam ter dificuldade em saber quando e como se comunicar com as pessoas de maneiras socialmente adequadas. 

Isso porque, para se comunicar com eficácia, as crianças precisam entender o que as pessoas falam (linguagem receptiva), expressar-se através de palavras e gestos (linguagem expressiva) e usar suas habilidades de linguagem receptiva e expressiva de maneiras socialmente adequadas.

Tratamento para as dificuldades de linguagem no autismo

Quando uma criança é diagnosticada com TEA, o médico a encaminha para outros especialistas, incluindo um fonoaudiólogo, para uma avaliação da sua capacidade de comunicação e elaboração de um programa de tratamento adequado. 

Ensinar as crianças com TEA a melhorar suas habilidades de comunicação é essencial para ajudá-las a atingir seu pleno potencial. Existem muitas abordagens diferentes, mas o melhor programa de tratamento é aquele que começa cedo, durante os anos pré-escolares e considera os interesses da criança. 

Deve abordar o comportamento da criança e suas habilidades de comunicação e reforçar as ações positivas. A maioria das crianças com TEA responde bem a programas especializados e estruturados. Os pais e cuidadores, bem como outros membros da família, devem estar envolvidos no tratamento para que ele se torne parte da rotina da criança.

Para as crianças mais novas, o objetivo do tratamento é melhorar as habilidades de fala. Os pais e responsáveis ​​podem ajudar seus filhos a conquistar essa meta, prestando atenção ao desenvolvimento da linguagem. 

Assim como as crianças aprendem a engatinhar antes de andar, elas também desenvolvem habilidades pré-linguísticas antes de começar a usar as palavras. Essas habilidades incluem contato visual, gestos, movimentos corporais, imitação e outras vocalizações que ajudam na comunicação. 

As crianças que não desenvolvem essas habilidades podem ser tratadas por um fonoaudiólogo para evitar atrasos no desenvolvimento.

Para crianças um pouco mais velhas, o treinamento de comunicação ensina habilidades básicas de fala e linguagem, como palavras e frases isoladas.

Vale lembrar que algumas crianças com TEA podem não desenvolver as habilidades de linguagem. Para elas, o objetivo do tratamento pode ser aprender a se comunicar por gestos, como a linguagem de sinais ou através de um sistema de símbolos, onde imagens são usadas para transmitir pensamentos. 

Agora que você já sabe como é o desenvolvimento da linguagem no autismo, compartilhe este artigo em suas redes e ajude outras famílias!

Referências:

DELFRATE, Christiane de Bastos.Ana Paula de Oliveira Santana. Giselle de Athaíde Massi. A AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM NA CRIANÇA COM AUTISMO: UM ESTUDO DE CASO.

Morton Ann Gernsbacher, Emily M. Morson and Elizabeth J. Grace. LANGUAGE DEVELOPMENT IN AUTISM. http://www.gernsbacherlab.org/wp-content/uploads/2012/06/Gernsbacher_HickokChapter_2015_AuthorCopy.pdf

Você também pode se interessar...

7 respostas em “Como é o Desenvolvimento da Linguagem no Autismo?”

Olá! Muito rico estes materiais , acrescentou muito na minha prática docente, pois acompanho crianças com Autismo na educação regular.
Muito obrigada..

MUITO ESCLARECEDOR
ME SINTO MAIS SEGURA PARA TRABALHAR COM ALUNA COM TEA NA MINHA SALA DE AULA REGULAR. CRIANÇAS DE 4 ANOS .e NÃO VERBAL .QUANDO NÃO ENTENDO O QUE ELA QUER DIZER, TEM CRISES HORRIVEIS.
OBRIGADA.

Olá Maria, tudo bem?

Para nós é um prazer poder contribuir para auxiliar você nessa questão!

Sol,
Equipe NeuroSaber 💙

Oii, sou professora de autista, estou sempre me aperfeiçoando mais em conteúdos , esse material é muito bom vai me ajudar muito. Obrigada

Olá Leila, tudo bem? Aqui estão algumas sugestões para construir um PDI eficaz:

Avaliação inicial: Comece com uma avaliação abrangente das habilidades e necessidades da criança. Isso pode envolver a observação direta, o trabalho em equipe com especialistas (como fonoaudiólogos ou terapeutas ocupacionais) e o envolvimento dos pais ou responsáveis. Compreender as habilidades atuais da criança e as áreas que precisam de apoio é fundamental para o desenvolvimento do PDI.

Estabeleça metas claras: Com base na avaliação inicial, defina metas específicas e alcançáveis que sejam adequadas ao nível de desenvolvimento da criança. As metas devem ser mensuráveis e voltadas para áreas como a comunicação, a interação social, a motricidade, a cognição e a autonomia.

Estratégias de comunicação: Se a criança é não verbal, é importante implementar estratégias de comunicação alternativa e aumentativa. Isso pode envolver o uso de recursos visuais, como imagens, fotos ou pictogramas, para ajudar a criança a expressar suas necessidades e desejos. Também é fundamental fornecer um ambiente rico em estímulos e oportunidades para a prática da comunicação.

Intervenção especializada: Considere a possibilidade de envolver profissionais especializados, como fonoaudiólogos ou terapeutas ocupacionais, para fornecer terapia individualizada à criança. Esses profissionais podem ajudar a desenvolver habilidades de comunicação, coordenação motora, habilidades sensoriais e outras áreas específicas de necessidade.

Integração social: Incentive a participação da criança em atividades sociais e interações com os colegas. Promova um ambiente inclusivo, onde a criança tenha a oportunidade de se envolver em jogos em grupo, brincadeiras cooperativas e outras atividades que estimulem a interação social.

Monitoramento e ajustes: Regularmente, avalie o progresso da criança em relação às metas estabelecidas e faça ajustes no PDI, conforme necessário. Mantenha uma comunicação aberta com os pais ou responsáveis para compartilhar informações e receber feedback sobre o desenvolvimento da criança.

Lembre-se de que essas são apenas sugestões gerais e cada criança é única, portanto, é importante adaptar o PDI às necessidades individuais do aluno. O envolvimento contínuo dos pais, dos educadores e de profissionais especializados é fundamental para apoiar o desenvolvimento da criança.

Jhulli, Equipe NeuroSaber 💙 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *